sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O Natal está morto?

Bem sabemos que algumas das excelentes refeições que a maquina faz são as datas comemorativas. No cardápio temos: dia dos pais, dia das mães, dia das crianças, dia dos namorados e dia da secretária. Como aperitivo temos: dia da professora, aniversários e dias santos. Mas nada supera o suculento 25 de Dezembro, data conhecida como Natal! Nele presenteamos pela 3º vez o nosso ente querido! E também nos presenteamos! Ganhamos presentes!

E nos tornamos ainda mais mansos.

Pessoas morrem no trânsito, nos envolvemos em acidentes, matamos, morremos e brindamos com champagne e vinho! Não há necessidade de explicar o quanto a maquina é responsável por todo este caos comemorativo disfarçado de festa, alegria e união.

O Natal não está morto. Prova que ele está cada vez mais vivo: 2561 acidentes, 1870 feridos e 196 mortos nas estradas federais. Novo recorde estabelecido (este é o dado mais evidente, não fui atrás de outras formas de violência, mas não tenho dúvidas que o número foi mais alto do que em dias normais).

Natal: nascimento de Jesus > período onde a máquina fica mais rica e os humandróides mais pobres > período onde se morre mais.

Janeiro está aí! Nem começou o ano e já temos dividas para o ano inteiro! Afinal, a máquina não come tudo de uma vez: ela comerá tudo em 12 vezes sem juros! E se alguém não pagar, o que irá acontecer? A máquina devorará o próprio humandróide, pois não restará nem fragmentos de sua dignidade e ele será excluído do mundo, esquecido em miséria.

Saudade dos Garotos Podres e seus gritos de protestos e indignação.

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3 comentários:

  1. Quaisquer datas comemorativas devem ser celebradas. E cada um faz à sua maneira. O único problema, é que tem gente que só vê 1 (UM) jeito de se divertir, de aproveitar um feriadão: bebendo. E não precisamos dizer qual é o resultado disso quando estes irresponsáveis pegam o volante. E felizmente temos datas para nos lembrarmos que é gostoso presentear as pessoas (e receber presentes também!). Num mundo cada vez mais individualizado, estas datas são oásis em meio a tanta coisa ruim

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  2. Não vejo problemas no ato de comemorar datas, porém enxergo claramente o problema nos efeitos colaterais destas (e irei fugir do eixo "acidentes x violência" para focar mais na parte sentimental humana): ansiedade e espectativa. Isto por que as pessoas, em sua grande maioria, se sujeitam aos efeitos das datas: esperam presentes, ficam imaginando se irão lhe felicitar, se aqueles que estão brigados irão fazer as pazes, se irão gostar do presente que você comprou, ficam imaginando como será o próximo ano naquele mesmo dia e comparando com o ano anterior, etc. Ou seja, a relação é totalmente subordinada e ao meu ver isto representa uma crise de identidade, afinal o dia 26 e 27 de dezembro não seria tão importante como o dia 25? Será que a necessidade destas datas não seria uma maneira de deixar as pessoas mais expostas e frágeis?
    Uma grande mudança exige um fortalecimento moral e ético, e as pessoas precisam cada vez mais se concentrar nos problemas da sociedade, e a mudança exige uma atitude, uma postura reacionária. O problema é que são muitas datas para comemorar: será que temos tanto assim para brindar? Meu receio é que estas datas sirvam para tirar o foco dos problemas da humanidade e fazer circular ainda mais dinheiro para o cofre de quem manda de verdade.
    E como você mesmo disse, o mundo está cada vez mais invidualizado, inclusive estas datas são isoladas e acredito que não deveria ser assim.
    Os dados do crescimento da violência serve apenas para reafirmar que mais e mais pessoas estão se aderindo ao jogo onde quem ganha é somente a máquina.

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  3. Eu entendí o que o senhor quis demonstrar Venancio, e eu fico contente em ler alguém que compartilha essa mesma visão que tenho. Realmente o problema das datas não é tão simples quanto "irresponsáveis que pegam o volante", mas pude ver a verdadeira questão nas poucas palavras que você escreveu. Por favor continue escrevendo e eu continuarei lendo, porque é muito agradável saber que mais alguém também viu o que eu ví sobre a máquina e sua influência sobre a massa amorfa.

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