"E talvez eu não seja senão um sonho
deste alguém que não existe" - Fernando Pessoa
O que é esta coisa, que não sabe quem é? Quem sou, afinal?
Ao olhar no espelho vejo apenas um homem solitário, com pensamentos inusitados e planos complexos.
Quem seria esta criatura divina, um tanto quanto estranha?
Vai longe, caminha entre galáxias e questiona: eu sou daqui? Este é o meu povo?
Não, você é de Marte, sabe muito bem. Porque deseja caminhar na Lua? Porque se disfarçar de Sol?
Eis o teu reflexo no espelho. Este é você, e aí estão as suas pedras.
Afinal, quem é o culpado de quê? Como irão saber que você não é deste planeta, se nunca abriu a boca para falar?
Não há, sequer, um grunhido. Apenas palavras para alcançar o infinito. Sendo você finito, tamanho absurdo soa tal sentença.
Hei, você não é daqui. Não faça metamorfose, você é de Marte, assuma! Decifre o teu enigma, não faça mais segredos!
Coração de pedra rebentada, não há o que fazer, nem mesmo um desenho para pintar. Resta apenas a angústia, e aí está você, meu querido marciano!
Não vá embora, chega de fantasias, viva a tua vida e apague estas memórias! Não há mais música, apenas silêncio. Teu semblante é unico.
Por mais que queira, não é de Vênus nem é terraqueo. Viva a tua vida, deixe-nos em paz. Não há mais poesia. Tanta devassidão...
Resta apenas a loucura do mundo, falsas promessas e o fim do mundo em sua mente. Não adianta mentir, pois você não sabe como fazer.
Brindemos, então, o nosso facrasso com cálice de papelão, um líquido bem amargo, suavamente amargo. E o que resta a partir de agora?
Queria dizer tanto e não irei dizer nada. Pois a sentença é para mim, o único culpado, por não tomar nenhum partido, por ser indiferente.
Esta indiferença que veio para não tornar nada mais tão complicado é agora tão irritante que lhe ignoramos, homem esverdeado!
Volta, pois, ao planeta distante, rumo ao infinito, porém derrube tua essência na terra dos abandonados. Segue, embrulhado, o teu espelho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário