quarta-feira, 16 de julho de 2008

Atomistas: Demócrito e Leucipo

Sobre o atomismo podemos dizer que Leucipo elaborou o princípio e Demócrito o desenvolveu com mais cuidado. Talvez esta conclusão não seja justa, porém são poucos os fragmentos que chegaram até os dias de hoje, sendo que aqueles que conhececmos vem da doxógrafia de Teofrasto, Simplicio, Sexto Empírico e Aristóteles. Leucipo (450 a.C.) é atribuído à obra "Grande Ordenamento" e Demócrito (460 a.C.) à obra "Pequeno Ordenamento".

Para os atomistas a realidade é composta de átomos e vazio (vácuo), por conta disto o ser é constituido por átomos, os quais são invisíveis e indivisíveis, eternos e imutáveis, tendo como qualidade comum a impenetrabilidade. Daí a afirmação da imutabilidade do ser concormetante a no vir-a-ser. A physis deverá ser idêntica a si mesma e formada de unidades discretas. Para os atomistas o vazio indica a existência do não-ser - o nada existe tanto quanto alguma coisa.
Demócrito de Abdera
Quanto ao conhecimento, eles entenderam como captação pelos orgãos sensitivos dos átomos irradiados pelos corpos. Ou seja, quando entramos em contato com os átomos ocorre a percepção, justamente porque as coisas trazem imagens de onde vieram. Toda a visão é aparente.

Para os atomistas, temos duas formas de conhecimento: a autêntica e a obscura.

Demócrito é o primeiro a dar atenção a origem da linguagem, que para ele é sombra da ação. Demócrito acreditava que no princípio os homens viviam sem leis e sem ordem, como se fossem animais selvagens. O medo os levou a necessidade de se reunirem e, consequentemente, precisavam se entender de alguma forma. Logo, também precisavam explicar certos acontecimentos, então os homens inventaram os deuses. Foi graças a descrença nos deuses que os homens desenvolveram a técnica, pois após a reza e as oferendas, eles percebiam que nada acontecia e portanto houve a necessidade de agir e se especializar (como na agricultura e na construção), permitindo que os mesmos vivessem em sociedade na base da ajuda mútua.

Leucipo de Mileto
Ainda sobre o átomo podemos afirmar que ele foi uma primeira forma de física, afinal também explicavam a questão da multiplicidade e variação qualitativa das coisas: diferença de qualidade geram diferentes coisas, mudança de qualidade geram variações e devir.

O nascimento das coisas ocorre pela agregação dos átomos e a morte ocorre pela desagregação.

Os átomos se diferenciam pela quantidade, forma, posição, direção e velocidade, embora a substância seja sempre a mesma.

Aristóteles ilustrou este conceito da seguinte maneira (As letras representam a substância):
[ A] e [ N] -> diferença na forma.
[AN] e [NA] -> diferença na ordem.
[ Z] e [ N] -> diferença na posição.

Não conhecemos a realidade porque ela se apresenta como aparência, quando na verdade o que temos é somente o átomo e o vazio. Além disto, isto explica porque diferentes homens têm diferentes percepções.

O átomo se move pelo vazio através da razão, não sendo necessária nenhuma força externa para movê-lo. É no choque entre os átomos que as coisas nascem, mudam e morrem.

Perceba a genialidade destes homens que começaram a história propriamente dita do pensamento especulativo e investigativo, quanto influência eles regem até os dias de hoje. Eu, particulamente, ainda fico pasmo quando revisito e refaço os passos que foram descritos à 2500 anos atrás.

Nenhum comentário:

Postar um comentário