Sim, o que você leu não está errado. O estupro marital é uma lei apoiada pelo governo afegão que vale para os casais xiitas, que representam 15% dos muçulmanos do Afeganistão - predominado pelos sunitas. Na data de hoje cerca de 200 pobres mulheres, afetadas diretamente por esta lei absurda, protestaram diante da mesquita Khatam Al Nabi contra tamanha maldade.
A lei diz que os maridos podem requerer sexo com suas esposas a cada quatro dias, exceto quando ela estiver doente, menstruada, em jejum ou acabou de parir. Além disto acaba por regular quando e onde uma mulher pode ir, mediante autorização expressa do seu marido. Parece pouco? Pois ainda tem mais.
Mohammad Asif Mohseni, um clérigo radical de muita influência no Afeganistão, é o animal que está por trás desta "lei" (sic). Ele diz o seguinte: homens e mulheres não são iguais no Afeganistão, portanto não devem ter o mesmo tratamento. Visto que os homens são os responsáveis pelo ganha-pão e que as mulheres em sua grande parte analfabetas - de modo que elas não podem contribuir na renda familiar - o homem seria merecedor de poder ter relações sexuais com suas esposas a cada período de quatro dias como uma espécie de recompensa pelo seu esforço.
Mas peraí, o que o presidente tem a dizer?
Na verdade esta foi uma manobra do próprio presidente Hamid Karzai, que com a aprovação da lei esperava ganhar mais popularidade para as eleições presidenciais que ocorrerão ainda este ano, na esperança de ser reeleito. Nossa, mas que cabecinha do presidente, não? Como ele pode esperar que uma lei deste tipo poderia lhe trazer votos? Você acha que alguém irá apoiá-lo por isto? Infelizmente sim, caros amigos.
Embora o documento final ainda não tenha sido aprovado, ele já conta com a assinatura de seu líder maior, que tenta ganhar o apoio dos Shia, que representam quase 10% da população do Afeganistão e que cuja aprovação representaria um ponto muito forte para o conselho dos clérigos Shia.
Nos protestos de hoje homens afegãos arremessaram pedras contra as mulheres que eram contra a lei. Isto indica que os machos estão de acordo com a proposta, e o que é pior: uma vez que estão lá, apoiando a lei, significa que se aproveitarão dela, de modo que eles irão manter relações sexuais com a esposa mesmo sem o consentimento das mesmas!
É ou não o fim dos tempos? A coisa provavelmente só não irá ficar pior porque a ONU, a Grã-Bretanha e os outros orgãos que protegem os direitos humanos estão pressionando o presidente, que já manifestou interesse em rever a lei, que segundo ele "foi interpretada pelo ocidente de maneira equivocada", sendo que o conteúdo final do documento não será publicado até que "problemas técnicos" sejam resolvidos.
Este tipo de coisa faz o Talibã parecer inofensivo, tamanha é a barbárie. Até mesmo os acontecimentos do livro "Cidade do Sol", extremamente dramáticos, parecem bem humorados perto das coisas que essas mulheres miseráveis irão sofrer devido à ignorância e selvageria desta insanidade coletiva que assola os machos do Afeganistão.
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