Este post é uma adaptação de uma troca de e-mails que tive sobre agnosticismo com uma leitora do blog. Como foi uma conversa produtiva, decidi compartilhar os pontos principais nesta caverna.
De fato, você provavelmente não encontrará consenso absoluto entre os agnósticos a respeito do tema por diversos motivos, mas particularmente não acho isto ruim. Não há consenso por que não há uma teoria muito específica, tão pouco uma documentação concisa, mesmo por que utilizar a denotação "agnóstico" para definir uma posição religiosa é algo muito recente - o termo ganhou projeção somente a partir de 1860.
Sendo assim ainda há muita coisa para escrever a respeito, inclusive na identificação de agnósticos puros - se é que isto possa ser feito, uma vez que aqueles que se dizem agnósticos pendem para o ateísmo ou para a religiosidade, dificilmente se mantém neutros nesta questão.
Entretanto acredito que esta confusão nas diferentes leituras é algo bom e produtivo na teoria do conhecimento, pois abre discussões muito profundas, o que pode levar o próprio ser a explorar o seu íntimo num processo de autoconhecimento maravilhoso. E é deste autoconhecimento que provém diversas opiniões, cada qual com sua experiência exterior (no mundo) e interior (dentro de si). São pessoas diferentes, logo diferentes verdades.
O que faz com que o agnosticismo tenha diversas vertentes é que em momento algum ele preocupou-se em se tornar uma seita organizada, tão pouco uma religião ou crença. Ao contrário, esta posição evidencia a dúvida, que a partir de si nos leva a uma posição analítica e crítica em relação a própria existência. Afinal, será que é possível tomar um lado? É possível dizer se somos criaturas de uma entidade divina ou criação um acidente físico? Felizmente, isto não é possível. Assim como precisar qual é o momento que surge a consciência no ser humano. São questões sem respostas.
A meu ver, aceitar que há questões insolúveis é aceitar as nossas limitações perante o mundo. De fato, o homem não é maior que o universo, portanto deve aceitar a sua finitude. Para mim isto traz uma série de benefícios, pois a partir do momento que deixamos de tentar responder questões que não há respostas, deixamos de nos afligir e sofrer em demasia - uma vez que grande parte do sofrimento humano reside em tentar justificar a sua própria existência.
Uma vez li uma boa definição que separa os agnósticos dos demais:
O religioso tem fé que há uma entidade divina por trás do plano material.
O ateu tem fé que não há divindade por trás do plano.
O agnóstico simplesmente não tem fé.
O agnosticismo tem mais há ver com uma experiência de libertação do que com religião. Ao se desprender de assuntos improdutivos, nos preocupamos em aproveitar as coisas mais simples, onde com certeza reside a vida. Paralelamente, damos maior importância ao nosso papel perante o mundo, uma vez que nos sentimos inteiramente responsáveis por ele.
Todos estes desencontros se devem ao fato que o agnosticismo é algo proveniente de cada um. Ele não é uma teoria a ser seguida, não o encontraremos em templos e nem em manuais que ensinam como ser um bom agnóstico. O agnóstico não afirma ou nega, ele simples duvida e ignora, afinal mais importante do que teorizar a vida é vive-la intensamente.
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