sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Os Donos do Ar

Um dos movimentos mais absurdos e insanos da máquina é a chamada privatização. Dificilmente conseguimos, durante o período de um dia, pisar mais de 50 metros por dias em solo público. Basta tomar conhecimento por onde se movimenta: sua residência é uma propriedade privada; a calçada é de responsabilidade de quem convive na propriedade, logo, conceitualmente, ela também é privada; tudo bem, as ruas são públicas, porém os automóveis e transporte coletivos que circulam pela cidade são privados ou cobram uma taxa absurda para sua utilização - ou seja, conceitualmente também podemos dizer que eles são privados visto que você paga uma taxa além dos diversos impostos que são pagos no dia-a-dia e, portanto, certamente a máquina estará ganhando muito dinheiro pela sua utilização; o sistema de saúde é privado (sim, eu reafirmo que é privado! O que existe é uma simulação de que ele é pública - pois a questão da saúde não é apenas uma questão emergencial - ou seja, estou doente vou ao hospital - mas sim uma questão preventiva e de acompanhamento constante e, assim sendo, para ser pública é preciso garantir o transporte gratuito para os pacientes, além de medicamentos e exames gratuitos, de acesso fácil e rápido e que atenda toda à demanda de doenças e prevenções, o que acontece somente de maneira parcial e arriscada para quem é obrigado a utilizar este serviço chamado "público"; com a educação e o ensino não é diferente. A "educação" e o "ensino", utilizando toda a amplitude e significado em essência das palavras, são privados embora a máquina simule que além de ser público é um direito de todos. Enfim, tudo é privado! É incrível o efeito das privatizações!

Se fosse ilustrar tudo o que é privado, causas e consequências, jamais iria terminar de escrever. A máquina é a grande proprietária de tudo. Porém gostaria de analisar um pouco sobre o triunfo da propriedade privada na questão da moradia, que é um dos alimentos da máquina.

Seguindo mais a linha de racíocinio da essência, a questão é: Como é possível alguém ser o dono da terra? Como é possível, uma grama de terra que seja, ter um dono? Terra é um dos elementos básicos que existem para que um ser vivo possa viver, assim como a água e o ar. Imaginemos que um ser vivo possa se transmutar e assumir um novo tipo de vida a qual ele resista à pressão atmosférica, não precise de ar e nem de nenhum tipo de alimento para sobreviver, sem terra ele ficaria vagando pelo espaço em direção ao infinito. Ou seja, a terra é dada para todos os seres vivos como condição básica para existir. Não há a possibilidade de se desenvolver, tanto no âmbito de viver como no âmbito de desenvolvimento ciêntifico e social.

Para iniciar o sistema de território privado precisou que alguém simplesmente se auto-dominasse dono de uma determinada extensão territorial - para se aprofundar mais nesta reflexão, um texto que eu recomendo é "A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado" da autoria de Engels, que é facilmente encontrado na internet no formato e-book -, ou seja, a máquina só pôde começar a ser construída graças a intervenção do próprio homem. Este príncipio demonstra bem como a propriedade privada é absurda. E por que, da mesma forma que alguém se denominou dono da terra, não podemos retirar estas propriedades privadas e torná-las públicas novamente, como um dia já foi? É por que a máquina não deixa! Até poucos anos atrás, um humandróide que comprou uma casa de 120m² por R$ 40.000,00 estava dando gargalhadas de fecilidade. Hoje quem compra a mesma casa, no mesmo local e no mesmo estado por 120.000,00 é que está dando risada - é isto o que a máquina quer: simular um bom negócio para quem vive nesta dimensão da realidade.

Pior ainda é viver de aluguel e achar que está pagando um preço justo ou até mesmo barato. Muitos irão afirmar: mas não parece haver nenhuma saída. Infelizmente é verdade, mas existe algo que deverá acontecer num futuro próximo e caótico, onde a máquina irá se autodestruir. Porém este será um período muito triste e negro em nossa história, e a resistência é que fará a diferença.

Outra sugestão é, assim como na época que surgiu o território privado, nos autoproclamarmos donos do ar e acordar com os donos da terra um trato que diz "Enquanto eu puder viver gratuitamente em sua terra você poderá respirar gratuitamente o meu ar".

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