domingo, 27 de abril de 2008

Kuhn: As Revoluções Como Mudanças 1/2

Este artigo representa um resumo acerca dos 18 primeiros parágrafos do 9º capítulo - intitulado "As Revoluções Como Mudanças de Concepção do Mundo" - do livro "A Estrutura das Revoluções Científicas" da autoria de Thomas S. Kuhn.

Thomas Kuhn observa que há uma alteração na visão do mundo pelos cientístas, após uma nova descoberta - uma adoção de paradigma -, ainda que o mundo, essencialmente, se mantenha o mesmo. Pois a tradição científica determina a forma visual de ver as coisas, todas as vezes que acontece uma revolução científica, é necessário se reeducar para ver a nova forma. Porém, as experiência de formas visuais dizem somente a respeito das transformações perceptivas, embora não digam absolutamente nada a respeito sobre o papel do paradigma ou da experiência previamente assimilada.

Para exemplificar, Thomas Kuhn conta a experiência de um homem que passa a usar lentes inversoras para enxergar o mundo. Inicialmente ele vê tudo de cabeça para baixo, e isto lhe é muito caro, desagradável e lhe deixa desorientado. porém, num determinado estágio, quando ele passa a aprender a lidar com o seu mundo, ele passa a ver os objetos novamente como via antes. Nesta metafora, o homem passou por uma transformação revolucionária da visão. Conforme ele coloca no texto, o homem somente enxerga as coisas que a sua experiência visual conceitual prévia lhe ensinou a ver.

Devido ao tipo de natureza da experiência, elas possuem caráter sugestivo, poderiam até ser utilizadas como centrais para o desenvolvimento científico, porém não demonstra algo no que diz sobre a observação cuidadosa e controlada do pesquisador.

O sujeito até tem consciência que no seu meio-ambiente nada mudou, porém sua percepção se alterou. Como exemplo, um sujeito pega um papel onde está desenhado e vê um pato nele. Após uma análise mais cuidadosa, ele não vê um pato, mas uma série de linhas coloridas em determinados pontos que fazem a figura de um pato. Sabe que a sua percepção foi alterada e até podemos análisa-la deste mode, mas veja que não há um padrão exterior.

Na visão científica, se houvesse uma autoridade para perguntar como sua visão foi alterada (novo paradigma) seria considerada fonte de dados, quanto ao comportamento de sua visão, seria considerado fonte de problemas. A espécie de problemas da visão científica é a mesma da visão de experiência psicológica. Nas ciências, as alterações perceptivas acompanham as mudanças de paradigmas. Por exemplo: depois de Copérnico, podemos afirmar que o que pensávamos que era um planeta é na verdade um satélite (estamos nos referindo à Lua). Antes de Copérnico, não se pensava assim. Novamente vemos uma mudança de visão dado um novo paradigma.

Outro exemplo que podemos citar: Desde 1690 astrônomos observaram uma estrela que, somente em 1781, Herschel, com seu telescópio aperfeiçoado por si mesmo, constatou que, devido ao tamanho do disco, aquilo não poderia ser uma estrela. Então ele declarou que aquilo que ele observará era um novo cometa. Meses mais tarde, Lexell, após diversas tentativas frustradas de observar a rota do cometa, declarou que aquilo era um novo planeta: estamos falando de Urano. Enfim, após esta descoberta os astrônomos passaram a enxergar o espaço de uma outra maneira, de uma nova forma, tanto é que logo eles descobriram uma série de novos planetas e asteróides, graças à este novo paradigma.

Também sabemos que no século XVII, os eletricistas viam somente partículas de palhas serem repelidas ou cairem dos corpos energizados. Somente após a construção de uma aparelho por Hauksbee que ampliasse os efeitos é que foi possível observar de fato a repulsão, assim como uma nova gama de efeitos. Vários efeitos receberam uma nova descrição e outros foram observados pela primeira vez. Somente depois destas novas observações é que houve a necessidade de explicar o fenômeno da atração.

Um exemplo bem clássico, e que já até citamos em outro post neste blog, é uma refutação de Aristóteles por Galileu. O primeiro diz que, ao pegar um objeto, como uma pedra, e prender à uma linha e balança-lo segurando pela linha, o objeto irá parar porque o objeto está em queda. É como se fosse uma quedra constrangida. A linha só está distorcendo a queda, que é eminente. Galileu, observando a mesma coisa, descobriu uma série de novas propriedades que seriam a base para o seu argumento que diz sobre a independência do peso de um objeto com relação à velocidade da queda, basicamente afirmando que o peso vertical não tem nada a ver com a velocidade final.

Vejam que os dois tinham pontos de percepção bastante acurado. Aristóteles observou uma coisa e a descreveu conforme o seu ponto. Galileu, muitos anos depois, também fez isto. Talvez Galileu só tenha dado um novo de ponto de vista porque ela não teve formação aristotélica em sua educação. Ela seguia uma tradição da escola medieval que dizia sobre o impetus - paradigma que afirmava que "o movimento contínuo de um corpo pesado é devido à um poder interno, implantado no corpo pelo prepulsor que iniciou seu movimento". Através desta concepção é que Galileu pode observar, através de um outro olhar, como se movimentava o pêndulo conforme o paradigma que ele havia adotado.

Thomas Kuhn questiona: Embora os dois tenham descritos coisas diferentes, será que realmente viram alguma coisa de diferente um do outro? Suas pesquisas foram realizadas num mundo dirente? Podemos dizer que aquilo que muda é somente a interpretação das coisas, as coisas em si mesma não se alteram.

Porém estas mudanças de paradigmas não são totalmente errônea e sim parte de um outro paradigma filosófico iniciado por Descartes e desenvolvido pela dinâmica newtoniana (serviu tanto a ciência como para a filosofia), porém, o sucesso do passado em adotar este paradigma não garante que não entre em crise. Novas pesquisas no campo filósofico, da linguística e da psicologia dizem que este paradigma está equivocado.

Mesmo após revoluções científicas, não somos apresentados à dados estáveis e individuais, e embora após estas revoluções os cientistas passam a trabalhar em um novo mundo, conforme suas novas percepções, o mundo mesmo não mudou em nada. Ao invés de ser um interprete, os cientistas que adotam novos paradigmas são como o homem da lente inversora descrito no começo deste post.

Em toda a revolução científica se intepreta observações e dados, mas todos pressupõe um paradigma que permite que conheça os dados e instrumentos utilizados para estabelece-los e relevantes para sua interpretação.

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