domingo, 4 de maio de 2008

Kuhn: As Revoluções Como Mudanças 2/2

Este artigo dá continuidade ao resumo publicado do 9° capítulo, intitulado "As Revoluções Como Mudanças de Concepção do Mundo", do livro "A Estrutura das Revoluções Científicas" da autoria de Thomas S. Kuhn. A primeira parte do resumo pode ser acessada clicando aqui. O texto abaixo continua do 19° parágrafo e vai até o final do capítulo.

Tomando como ponto de partida a ultima conclusão que evidenciamos por Thomas Kuhn em nosso ultimo artigo, que dizia que é essêncial que seja possível que interpretemos os dados diante de um paradigma, Kuhn vai dizer que esta interpretação é nada mais que articulação em torno do paradigma. A ciência normal não pode resolver estes paradigmas, pelo contrário, o que ela vem fazendo é descobrir uma série de problemas relacionados aos mesmos. Para resolver estes novos problemas, a ciência se propõe à explicar de forma abrupta e não-lógica novos conceitos, como uma nova forma visual. Quando questionados como eles descobriram estes valores, não é dificil você obter respostas como "por iluminação" ou "por revelação em um sonho", enfim, de forma intuitiva.

Novamente Thomas Kuhn ilustra com o exemplo de Aristóteles, Galileu e o pêndulo, dizendo que as descobertas relacionadas à observação do pêndulo por Galileu se deram graças aos paradigmas que Galileu sustentava até o momento. Paradigmas estes, que não existiam para os aristotélicos.

Na sequência, Thomas Kuhn propõe abandonar a análise através da experiência imediata e adotar uma espécie de linguagem de observação neutra que possibilite uma experiência que seja sustentável, visto que a diferença da intepretação do pêndulo não se dá através da percepção, que é a mesma. Consequentemente à esta sugestão, segue um novo problema: a experiência dos sentidos não é fixa e nem neutra. Com isto, Kuhn observa que todas as teorias construídas até hoje como simples interpretações de determinados dados. Embora a esperança de uma linguagem neutra possa ser mantidada dada a construção de uma teoria da percepção e do espiríto, não é assim tão simples, visto que a experimentação psicológica moderna está expondo problemas que estas teorias teriam grandes dificuldades em tratar, como no exemplo do Pato/Coelho desenhado num papel, onde um homem pode observar de uma forma e outro homem pode observar de outra forma, sendo que os dois têm as mesmas impressões na retina.

O que Tomas Kuhn protesta é que os cientistas não podem ter nenhuma experiência imediata mais elementar do que a própria visão do objeto, sendo que a alternativa dos mesmos é criar uma "visão" através dos paradigmas que transforme o objeto em alguma coisa.

É através do paradigma que grandes áreas da experiência são determinadas, sendo que, na sequência, filósofos e cientísticas buscam uma definição operacional estas experiências.

Podemos, então, dizer que uma questão só pode ser formulado assumindo um paradigma, e que a resposta será formulada também assumindo um outro paradigma. Logo, para paradigmas diferentes, respostas diferentes.

Novamente, Thomas Kuhn frisa que nenhuma mudança é total. Não existe estabilidade na descoberta e em nenhuma revolução científica. E por mais que se criem teorias e procurem respostas, o mundo continua exatamente o mesmo. Além disto, após uma nova descoberta, quase tudo o que havia sido descoberto até então é abandonado. O que vale é sempre a ultima descoberta.

Porém, dentro destes novos paradigmas que são criados, também encontramos aqueles cientistas que, dentro de um paradigma, acaba descobrindo um problema onde não haviam problemas, e que não conseguem adotar uma solução, como no caso de Dalton, que dizia que se o oxigênio e o nitrogênio fossem misturados e não combinados na atmosfera então o gás mais pesado - no caso o oxigênio deveria se manter no fundo. Porém ele nunca conseguiu demonstrar porque o oxigênio não se comportava desta maneira.

Enfim, todas as vezes que os cientístas descobrem novos paradigmas, eles passam a enxergar e viver num mundo totalmente novo.

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