Em seus primeiros livros, como O Sistema dos Objetos e A Sociedade do Consumo, Baudrillard foca, principalmente, no consumismo e como diferentes objetos são consumidos de diferentes maneiras. Naquele período, a visão política de Baudrillard já estava perdendo a associação com o Marxismo (e o situacionismo), mas nestes livros ele difere de Marx de maneira significativa. Para Baudrillard, era o consumismo, mais do que a produção, que guiava a sociedade capitalista.
Baudrillard chegou a esta conclusão ao criticar o conceito de valor de uso de Marx. Baudrillard pensava que tanto Marx como Adam Smith - grandes pensadores da economia - argumentavam, simplesmente, sobre a idéia de necessidades básicas relacionadas com o uso essencial. Ele argumenta, a partir de Georges Bataille, que as necessidades são criadas, ao invés de serem inatas. Marx acreditava que por trás do uso básico se encontrava o fetiche de "commodities" capitalista, porém Baudrillard pensava que tudo aquilo que é comprado, justamente porque sempre significam alguma coisa na sociedade, tem seus próprios fetiches. Conforme ele escreve, influenciado por Roland Barthes, objetos sempre dizem alguma coisa sobre os seus compradores. Para ele o consumismo é mais importante do que a produção porque o gênesis ideológico das necessidades precede a produção de bens que satisfaçam estas necessidades.
Ele escreve que há quatro maneiras de um objeto obter valor:
1) Valor funcional de um objeto; o seu propósito instrumental. Uma caneta, por exemplo, escreve, e um refrigerador gela. O conceito de "valor de uso" de Marx é muito similar a este tipo de valor.
2) Valor de troca de um objeto; o seu valor econômico. Uma caneta pode valer três lápis, e um refrigerador pode valer o salário ganho em três meses de trabalho.
3) Valor simbólico de um objeto; um valor que o sujeito atribui para um objeto na relação com outro sujeito. Uma caneta pode simbolizar um presente de graduação da escola, ou um anel de diamantes pode simbolizar uma declaração pública de amor num pedido de casamento.
4) O valor de signo de um objeto; o seu valor dentro de um sistema de objetos. Uma caneta pode, mesmo que não tenha nenhum benefício funcional, significar prestígio em relação à outra caneta. Um anel de diamantes pode não ter função como um todo, mas pode demonstrar valores sociais, como status e classe social.
Os primeiros livros de Baudrillard se preocupavam em argumentar que as duas primeiras maneiras de obter valor não estavam simplesmente associadas, mas de certo estavam corrompidas pela terceira e, particularmente, pela quarta maneira. Posteriormente Baudrillard rejeita totalmente o marxismo. Porém o foco na diferença entre valor de signo e valor simbólico estava presentes em sua obra até a sua morte. Com efeito, ambos os conceitos foram ganhando mais importância, principalmente em seus escritos a respeitos dos acontecimentos no mundo.
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