O estudo sobre a escravidão na Grécia é um tanto complexo justamente porque a Grécia antiga é dividida em cidades-estados que têm as suas próprias leis e seus próprios legisladores, e a escravidão em cada uma destas cidades tem diferentes graus de serventia, sendo que os escravos recebiam diferentes tratamentos, sendo praticamente impossível inserirmos todos eles dentro de uma classe única.
Aristóteles exaltava a importância dos escravos declarando a sua existência como algo natural e necessário, pois considerava que trabalhos banais e manuais não deveriam ser realizados pelos cidadãos. Em Euripedes, Aristóteles declara escravo todo aquele que não é grego por nascimento( ou seja, todos os estrangeiros ).
Dependendo da Cidade Estado, os escravos podiam conseguir sua emancipação e sua liberdade, geralmente através de um processo que envolvia os seus donos, ou através de um valor estipulado, como no caso de Atenas, que encorajava seus escravos a comprarem a sua liberdade, incentivando a fazerem negócios em suas terras mediante a uma taxa fixa a ser paga para os seus donos.
Também é dito que muito daquilo que se tornou Atenas na Grécia antiga se deve aos escravos porque eram eles que trabalhavam escavando em minas de ouro em Laurion (Xenofonte diz que foram aproximadamente 30.000 escravos), suportando condições extremamente precárias, e produzindo uma grande riqueza em ouro para Atenas ( embora escavações recentes sugere que homens livres também trabalhavam nestas minas em busca de riqueza ).
Durante a guerra de Peloponnesian entre Atenas e Esparta, cerca de vinte mil escravos atenienses, incluindo artesãos, e pessoas que trabalhavam nas minas de ouro, fugiram para o acampamento de guerra dos espartanos em Deceléia. No entanto, estas rebeliões não eram freqüentes e aconteciam muito raramente. Segundo o historiador britânico Geoffrey Ernest Maurice de Ste. Croix um dos motivos para isto era que, como os escravos viam das mais diversas e regiões e falavam as mais diversas línguas, eles não conseguiam se organizar.
Em Atenas, cujo estima-se que três quartos de suas população naquela época eram escravos, podemos encontrar várias categorias:
Escravos de casa – São aqueles que trabalhavam e viviam dentro da casa de seu mestre.
Escravos Dependentes – Eram aqueles que não conviviam com os seus mestres, porém trabalhavam em suas lojas ou em suas terras, e por isto mesmo era obrigado a pagar uma taxa fixa aos mesmos sobre os negócios gerados lá.
Escravos públicos – Eram aqueles que trabalhavam como seguranças, porteiros, secretários, varredores de rua, etc.
Cativos de guerra – Eram aqueles que serviam em trabalhos não especializados e bruscos, como remadores de embarcações e mineiros.
Terminologia
Na antiga Grécia existiam muitas palavras para designar um escravo, dependia muito do contexto a qual era empregada.
No mundo homérico, o escravo era chamado de δμώς / dmôs, que em um contexto militar significa algo como prisioneiro, mas que também significa propriedade.
Durante o período clássico eram conhecidos como άνδράποδον / andrápodon que significa numa tradução livre e grosseira como “um (animal) que anda de pé e com pés de homens”.
O mais comum é encontramos a grafia δοvλος / doûlos que é uma oposição à palavra “homem livre”.
Também encontramos o termo οiκέτης / oikétês que significa algo como “ele que vive em casa”, ou “doméstico”.
Origens da escravidão grega
È difícil precisar quando os escravos gregos surgiram, porém é certo que eles já existiam na civilização Micênica de acordo com as tabuas de Pylos, que apontava 140 escravos (doulos), identificados como escravos comuns e escravos de deus, que neste caso deveria ser Possêidon. Baseado na etnia de seus nomes, provavelmente eles vieram de Kythera, Chios, Lemnos ou Halicarnassus, e não era incomum e união entre escravos e não-escravos, e que eles mesmos poderiam ser independentes, como artesãos.
Já no período homérico, os escravos são os dmôs, que são esposas e mulheres tomadas como concubinas pelos guerreiros após derrotar os homens daquele campo de batalha
População
Estima-se que em Atenas haviam de três à quatro escravos por casa, totalizando cerca de 80.000 escravos.
Platão, que quando morreu tinha cerca de cinco escravos, dizia que um homem muito rico possuiria cerca de 50 escravos (Republica IX).
Fontes de Escravos
Existiam algumas fontes de escravos que eram mais comuns na Grécia antiga, dentre as quais podemos destacar a guerra, os piratas do mar e o próprio comércio internacional de escravos.
Nos períodos de guerra era bastante comum que o vencedor tomasse posse das propriedades do vencido, sendo tomado, inclusive, a sua família e terras. Esta prática gerava certo desconforto para os gregos livres, que andava nas mesmas ruas que estes escravos, sendo assim, escravizar toda uma cidade era uma prática contestada.
Já o comércio internacional de escravos funcionava de uma forma bem semelhante ao modelo que surgiu posteriormente com a venda de escravos africanos. Haviam profissionais que se encarregavam de vender os escravos para o comércio grego de escravos, como se fossem produtos importados. Os principais centros de comércio de escravos ficavam em Efésios e Byzantium.
Alguns destes escravos eram vitimas da guerra ou dos piratas, porém, como atesta Heródoto, outros eram vendidos por seus próprios parentes.
O preço destes escravos variavam conforme as suas habilidades.
Já os escravos nascidos dentro da casa de seu mestre, que era a minoria, tinham privilégios como levar os filhos de seus mestres para a escola, que significa pedagogo.
Status dos Escravos
Moses Finley(1997) propôs um conjunto de critérios para os diferentes degraus de escravidão:
Direitos de propriedade;
Autoridade sobre os demais trabalhadores;
Poder de punir outros escravos;
Direitos legais;
Direitos de família e privilégios, como casar e herança;
Possibilidade de emancipação;
Direitos religiosos;
Direitos militares;
Bibliografia
Livro: Civilização Ocidental Modo de Produção Escravista Grécia e Macedônia
Autor: Cinilia Tadeu Gisondi Omaki
Editora: Colégio Bandeirantes
Livro: Slave System of Greek and Roman Antiquity
Autor: William L. Westermann
Versão digital (Em inglês): http://books.google.com/books?vid=ISBN0871690403&id=QXbkoJP_u5oC&printsec=frontcover&dq=greek&as_brr=1#PPP3,M1
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