Verde
Ele amava ela. Como o diabo ama o pecado,
Como o sol que combina com o dia e
Como a lua que combina com a noite,
Como os anjos amam a verdade e
Como Deus ama as suas criaturas.
Ela amava ele. Os dias passam devagar,
O fim-de-semana não chega e
A saudade rebenta com o coração.
É tanta paixão que o corpo não agüenta e
Os olhos transbordam para o oceano do amor.
Eles estão apaixonados. Só existem os dois,
O mundo já não cabe dentro de si,
Nem aqui, nem ali, já não têm mais amigos.
Para quê amigos? Um tem ao outro e nada mais,
Ou eles vivem juntos ou morrem agarrados.
Amarelo
Ele gostava dela. Ele vai jogar o seu futebol,
Tomar uma cerveja com os amigos - Ah bons amigos!
Carro no lava - rápido, no boteco uma sinuca vai bem.
Um filme do Rambo para matar o sábado a tarde,
Domingo vai ao estádio assistir o Corinthians.
Ela gostava dele. Vai cochichar com a sogra e
Fazer a unha na casa da comadre, preparar um bolo,
Ficar 45 minutos no telefone com a mamãe.
Depois vai ao supermercado perder o seu dia,
pois Domingo é dia de Faustão e Silvio Santos.
Eles se gostavam. Levavam os filhos para a escola,
Trabalham o dia inteiro, de noite ela na cozinha e
Ele na sala vendo televisão, as crianças brincam.
Ela assiste à novela no quarto, ele toma uma bebida,
Enquanto ela toma banho ele já está dormindo.
Vermelho
Ele odeia ela! Já passa da meia-noite
Quando ele chega em casa - Estava tão cedo!
Aquela coisa horrenda em sua cama, que cena!
A comida estava fria, assim não dá, no que diz
"Eu nunca te amei, maldição de minha vida"!
Ela odeia ele! Lá vai um sapato pela janela,
Livros arremessados e chuva de palavras feias,
Gritos estridentes, escândalo na vizinhança.
O pôster do brasileirão de 2000 está rasgado e
Ela finca os seus dentes no braço dele.
Eles se odeiam! "Não sei como suportei um gordo
Feio e fedido como este na minha cama cheirosa!"
"Este relacionamento já foi tarde, baranga chata,
Ciumenta e infeliz! Vou para a casa de minha mãe!"
Ele diz: "Acabou..."; ela completa: "...de vez!"
Porém...
... o importante é que depois de um tempo vermelho
O semáforo fica verde novamente. Eita vida ingrata!
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