domingo, 20 de julho de 2008
Hiper-realidade Em Ação!
Afinal, o que é hiper-realidade? Conceitualmente, podemos dizer que hiper-realidade seria algo como o real além do próprio real. É uma realidade criada através de modelos aleatórios que visam disfarçar o verdadeiro real. Porém, para atingir o seu objetivo com sucesso, são criadas infinitas realidades sobre o verdadeiro real sucessivamente, como numa espécie de teia-de-aranha. Desta forma, perdemos totalmente o referencial e não há mais a possibilidade de conhecer o que é realmente verdadeiro e o que é falso.
Conforme o gráfico acima, a revolução da informação só foi possível - e útil - graças ao surgimento da hiper-realidade. Em algum momento, não temos como saber quando, houve uma única realidade que foi decomposta em várias outras. Porém, nos dias atuais onde vivemos a era da informação, a hiper-realidade ganha cada vez mais força e jamais teremos a oportunidade de saber como seria uma vida sem ela.
Para que serve a hiper-realidade e para quê foi criada? A hiper-realidade é invenção da máquina, que foi criada por homens que desejavam o poder e que acabaram seduzidas e escravizadas por seu próprio invento. A máquina ganhou vida própria e através de seus modelos combinatórios, passou a simular múltiplas realidades como estratégia de controlar o próprio real. A finalidade é basicamente uma: poder. Através da hiper-realidade, a máquina controla todos os seres, ao condenâ-los a uma vida inautêntica, onde a vida é simulada por uma espécie de fantasia. Tudo é aparente.
Desta forma, através da virtualidade, a máquina pode determinar um conjunto de regras que serão assumidos como "verdades" pelos humandróides - homens condicionados aos desejos da máquina. É isto que eu chamo de padrões. Para exemplificar, temos dois exemplos perfeitos, vínculados pela mídia e pela cultura de massa: o caso da menina Madeilene e o da menina Isabella.
Nos dois casos, temos algo que vai além de si mesmo. A menina Magdalene desapareceu, porém é como se toda a mídia tivesse criado algo que fosse além do que realmente é. No caso da Isabella - arremessada de um apartamento - a coisa é semelhante: a morte transcede a própria morte. É como se a morte dela fosse mais real do que outras mortes igualmente brutais. Eis o hiper-real. Nos dois casos o objetivo é direcionar os humandróides através da imagem: a imprensa manipula estes fantoches de tal modo que aprendem a odiar, a chorar, a sentir pena e até mesmo locomover as pessoas para protestar sobre algo que não dizem respeito a si mesmas, que não irá alterar em nada o curso da própria vida e o pior: as pessoas irão desviar o foco de problemas reais para assumir um vício que não representa nada além do que aquilo que é - uma menina desapareceu e a outra morreu.
Para que isto ocorra, arma-se todo um palco: luzes, holofotes, câmera, ação! Uma menina de três anos é arremessada da janela de seu apartamento! Então condiciona-se toda a humanidade para este fato como se ele fosse único e como se ele fosse algo mais grave do que realmente é. Paralelamente, a vida acontece e as pessoas deixam de percebe-la. É uma mega-produção a qual não conseguimos desviar os nossos olhos. Nesta mega-produção a máquina, além de controlar, também lucra: vende-se mais jornal, mais revista, mais propaganda, mais pessoas na frente da televisão, mais pessoas que irão ver a novela após o telejornal. Ou seja, a máquina ganha por cima, ao controlar o assunto e os sentimentos das pessoas, e ganha por baixo, ao lucrar com a nossa alienação. Estabelece, enfim, um padrão de o quê pensar e como pensar.
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Maravilhoso Venancio, você escreveu exatamente aquilo que eu ví. Por favor, não deixe de escrever sobre suas experiências sobre a hiper-realidade. Como eu gostaria que meus conhecidos se interessassem por isso. É claro, devo dizer que se eu tocasse em assuntos mais interessantes do que o capítulo de ontem a noite da novela, eu seria apedrejado vivo. É muito reconfortante saber que eu não sou o único que pensa profundamente em tais assuntos.
ResponderExcluirOlá Israfel! Grato por sua visita!
ResponderExcluirNa medida do possível, sempre escreverei sobre este assunto, até por que ele é parte integrante do meu pensamento.
Conheço bem sua frustração, mas não podemos nos lamentar, afinal somos de uma espécie rara privilegiada, que enxerga para além da camada superficial do universo.
Temos que nos contentar em não fazer parte do todo, mesmo que muito embora isto não represente exatamente a felicidade, temos uma sensação agradável de não ser igual a todo mundo!
Volte sempre!