
Há cerca de 9 anos tive o primeiro contato com a poetisa portuguesa Florbela Espanca. Na época, com apenas 17 anos de idade, transitava entre os picos na montanha-russa das sensações, questionava até mesmo a existência da pedra e escrevia os meus sentimentos no primeiro pedaço de papel que aparecia em minha frente.
Pelo que me recordo, vivia em constante angústia, insano, determinado a fazer com que algo acontecesse para ser retirado de um estado catatônico. Naquela época ver outras pessoas sorrindo era um martirio. Para tentar compartilhar um pouco do meu ser, resolvi manter uma página virtual extremamente humilde que abrigasse poesias de escritores ocultos.
Foi então que recebi alguns sonetos de Florbela Espanca.
Caros, fui hipnotizado pelas palavras marcantes e pela alma perturbada desta grande diva da literatura.
Florbela Espanca passou sua vida inteira no anonimato. Sua carreira como escritora, enquanto era viva, não chamou a atenção de muitas pessoas, tal que ela precisou arcar com 200 edições impressas de dois de seus volumes de poesias: “O Livro de Mágoas”, de 1919, e “O Livro de Sóror Saudade”, de 1923.
Desiludida com a vida e com seus amores frustados, Florbela tem um final apoteótico: na madrugada do dia 7 para o dia 8 de Dezembro de 1939, se suicida – neste dia completaria 36 anos de idade.
Enfim, esta edição da Martins Fontes, a tirar pela capa - cujo papel utilizado é muito ruim -, é uma senhora edição. Além de uma introdução estupenda de Maria Lucia Dal Farra, que por si só já vale o livro, temos a reunião dos livros: “Trocando Olhares”, “Livro de Mágoas”, “Livro de Sóror Saudade”, “Charneca em Flor”, “Reliquiae” e “Esparsa Seleta”.
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