sábado, 31 de janeiro de 2009

A Cura de Schopenhauer


Irvin D. Yalom, reconhecido psicoterapeuta americano, caiu como best seller nas estantes das livrarias brasileiras com o sensacional Quando Nietzche Chorou (de 1992). Através de um romance envolvente, temos uma série de personagens históricos amarrados à uma trama agradável, onde o principal trunfo é conhecermos mais de perto os pensamentos e angústias destes gênios que são muitas vezes ofuscados pelo excesso de informação que permeia a nossa sociedade.

Recentemente tive a oportunidade de saborear mais um de seus romances que tem um célebre filósofo estampado no título da obra: A Cura de Schopenhauer. A história se inicia quando um psicólogo renomado, Julius Hertzfeld, descobre que um câncer letal lhe dará somente mais um ano de vida. Entre a aflição de saber a data de sua morte e o que fazer com tão pouco tempo para viver, Julius decide reencontrar um antigo paciente, Philip State, cujo tratamento de 3 anos não progrediu de nenhuma maneira.

Philip State, homem inteligente, solitário e insociável, tinha um vício insuportável: sexo compulsivo. Para conseguir seguir adiante, procurou Julius para lhe tratar, porém não teve nenhum sucesso em sua empreitada e decidiu procurar a cura para o seu mal nos livros de filosofia: a cura de todos os males de sua vida vem de Arthur Schopenhauer, filósofo alemão mais conhecido pelo seu pessimismo em relação ao mundo e o seu ódio perante as pessoas. E mais, além de se curar, Philip agora também era um terapeuta que tratava de outras pessoas.

Pasmo, Julius fica curioso e se questiona como poderia Schopenhauer, com sua filosofia deprimente, ter curado um homem tão difícil como Philip? Philip promete lhe dizer, contato que ele assine o seu estágio supervisionado, necessário para tirar a habilitação de psicólogo. Julius aceita, mas sob uma condição: que Philip participe de sua paixão máxima – o grupo de terapia coletiva a qual ele encontra semanalmente.

Após uma certa resistência Philip aceita entrar no grupo e Julius irá se espantar como Schopenhauer tem tanto a dizer, mesmo para os seus pacientes que não entendem nada de filosofia. Entre as diversas sessões, toda semana o grupo traz uma situação totalmente inusitada para ser discutida e Philip sempre cita o que Schopenhauer teria a dizer em relação ao assunto em pauta. O grupo inteiro se surpreende e chega a se identificar com o pensamento do alemão, porém acontecimentos fazem com que Philip comece a questionar a sua frieza em relação ao seu terapeuta de cabeceira, e talvez entenda que sendo humano, somos o que somos.

Paralelamente, Yalom escreve capítulos que contam, em linhas gerais, a tragetória de Schopenhauer, desde acontecimentos da infância que poderiam ter lhe influenciado, até sua relação conturbada com as pessoas. Enfim, é uma excelente introdução ao pensamento deste filósofo, onde para ele a vida não era nada, senão puro sofrimento, e era preciso se distanciar das relações humanas para sofrermos menos em nossa estadia na Terra.

A Cura de Schopenhauer
Irvin D. Yalom
Editora Ediouro
2ª edição – 2006 – 338 páginas

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