segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Dies Venantium
Se este espaço em outros dias me serviu como uma ferramenta de delírios, vômitos ensandecidos, análises críticas, filosofia de botequim e opiniões rebeldes, hoje ele me servirá apenas como um bom e velho diário, afinal a maré está para peixes.
Como diz aquele velho ditado, digno do meu sobrenome, há o dia da caça e o dia do caçador. Portanto, meus caros, hoje é Dies Venantium e irei comemorar, afinal nem todos os dias são assim.
Ontem pela manhã, assim que abro os olhos tenho uma visão privilegiada: a vida é perfeita. Lá estão os meus filhos, ainda pequeninos, dormindo sob um sono inocente, onde a harpa dos anjos ainda se faz ouvir. Do meu lado encontra-se a mulher que eu amo, que rigorosamente beija-me durantes todas as noites antes de eu dormir e todos os dias assim que eu acordo: este ritual declara um amor que não conheci na minha vida anterior à existência desta deusa disfaçarda de humana.
Agradecido, retribuo do mesmo modo, afinal se o amor cativa, ele também deve ser cultivado: este sentimento eu quero levar até os meus últimos dias Em outro cômodo tenho a minha mãe, sagrada como deve ser todas as mães. Minha mãe é dotada de sabedoria popular: em sua simplicidade reside o seu maior triunfo e a maior herança que poderia deixar para mim.
Mulher guerreira, sempre defendeu os seus filhos com unhas e dentes, assim como uma leoa quando vê os seus filhotes ameaçados. Minha mãe é uma mulher incansável, feita a base de ferro. Não há para depois e nem para mais tarde, com a minha mãe eu posso contar em qualquer minuto do dia, em qualquer segundo da noite.
Também tenho a minha irmã, que agora vive sua própria vida, traça o seu próprio caminho, casada com um bom homem, a qual eu confio o suficiente para cuidar desta querida menina. Poderia chamá-lo de Romeu e a minha irmã de Julieta, pois os dois são apaixonados como se tivessem conhecido há dias – mesmo que já sejam anos – porém se não há contenda entre as famílias, como é que poderia apelidar um casal tão intenso em seu amor? Apenas pelo nome dos dois, que engloba uma história bela como a shakesperiana, porém nada trágica.
E quando vejo a minha conta corrente, vejo também que as contas estão todas pagas, e que também me resta um dinheirinho, que é apenas o suficiente para ofertar um almoço especial em homenagem silenciosa para estas pessoas que eu citei nos parágrafos anteriores, pois somente o fato de eu não estar no vermelho para mim já representa lucro: preciso apenas do suficiente para viver. Embora eles não saibam, o almoço deste ultimo final de semana foi em homenagem à importância deles em minha vida.
Quando vejo o meu ciclo de amigos, vejo que eles são poucos, porém são melhores do que jamais poderia esperar. Assim sendo estes poucos amigos são como muitos, pois cada um vale por milhões. Neles encontro o descanso da minha alma durante o cotidiano e inspiração para desenvolver o meu ser.
No trabalho, vejo que não há motivos para alarde. Se existiu uma crise, eu nem mesmo percebi. Agradeço aos meus gestores por acreditar em meu potencial e por me livrar de assuntos que não cabem a mim. O salário que a mim está garantido será bem pago visto que sempre desempenharei minhas tarefas conforme o esperado, assim todos saem ganhando.
Em meio ao intenso trânsito de São Paulo, resta apenas algo para se fazer. Num dia tão agradável, Tim Maia ressuscitou com sua canção alegre, romântica e dançante no meu carro. Motivos de sobra para relaxar e ficar mais feliz. Então este post também é dedicado para o congestionamento desta manhã.
Esta noite é para este blog maravilhoso, que eu tanto me orgulho e que tanto me faz bem. Se eu não tenho milhares de visitas por dia, pouco importa, pois o que me contenta é saber que há pessoas como eu espalhadas por aí, que se identificam com algumas coisas, que se espantam com outras, e este é o meio para abrirmos novos caminhos.
Este post também é para estas pessoas que perdem o seu tempo lendo estas palavras, que compartilham ideias nesta casa, que comentam os escritos – sejam críticas, sejam elogios –, e que mesmo sem me conhecerem decidem ler os artigos até o fim. Vocês não imaginam o quanto isto me faz bem, pois nós, escritores ocultos, nos orgulhamos muito quando nossos pensamentos atingem alguém.
Portanto hoje é Dies Venantium! Do lugar mais profundo de minha alma posso apenas agradecer por vocês todos existirem!
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Eu sou uma dessas pessoas por aí que se identifica e que abre novos caminhos com seus escritos.Confesso que ainda não escrevi nenhuma crítica ou elogio sobre qualquer artigo deste blog, apenas acompanho em silêncio e viajo em meus pensamentos,ou por vezes, debato sobre algo com meus grandes amigos.
ResponderExcluirPorém, hoje ao acordar e ler este escrito de gratidão à vida,senti que deveria sair da multidão de leitores e escrever em nome de tantos que por um motivo qualquer não o fizeram.
Então , em poucas e tímidas palavras, agradeço pela existência de pessoas como você,que possuem grande capacidade de observação e análise crítica diante dos fatos que nos rodeiam.Continue escrevendo, e que este comentário sirva de alimento à alma e em favor desta corrente de gratidão à vida.
Olá Anônimo,
ResponderExcluirQuais são as palavras para poder agradecer tão saboroso comentário? Infelizmente não há, porém o que há é um sentimento muito bom presente dentro de mim que quebra todas as barreiras das palavras.
Estou muito feliz com os teus ditos! Não há um dia que eu não pare para ler o que você me disse.
Este é o meu nobel, minha joia rara. Uma vez presenteado por ti, só posso lhe agradecer.
Muito obrigado!