domingo, 15 de agosto de 2010
O Diário de Anne Frank
Relatado por vezes como um dos livros mais lidos de todos os tempos, O Diário de Anne Frank é considerado um dos muitos clássicos provenientes da Segunda Guerra Mundial. De fato, este se trata de um registro único na literatura da ocasião, visto que temos um diário vivo daqueles dias negros, escrito por uma garota judia em plena adolescência - fase de grandes espectativas, sonhos e frustações.
Em termos de registro, o livro é nota 10, pois traz a tona como foi viver como um judeu foragido perseguido pela Gestapo, além de trazer todo o sentimento em torno da esperança e da desilusão da época, assim como a degradação do próprio homem com os acontecimentos diários, que ora o colocam em estado melancólico, ora em felicidade. O diário começou a ser escrito no dia 12 de Junho de 1942 e foi escrito pela última vez em 01 de Agosto de 1944. Três dias depois, a Gestapo descobre o esconderijo da família e os separam em distintos campos de concentração. Anne Frank morre de tifo em Fevereiro do ano seguinte, no campo de Bergen-Belsen.
Como Anne Frank descreve os assuntos debatidos por sua família enquanto estavam escondidas, assim como as notícias veiculadas na rádio, temos uma série de relatos históricos interessantes. Já nas ultimas páginas do diário, por exemplo, Anne Frank cita com júbilo sobre o episódio conhecido como Operação Valkíria, a qual um grupo no exército alemão tentou, sem sucesso, explodir Hitler e seus comparsas em uma reunião.
Entretanto, salvo estes relatos importantes, uma boa parte do diário trata apenas de questões de uma adolescente comum: discussões na família, puberdade, uma paixão que queima, mudanças constantes de temperamento, birras e picuinhas, egocentrismo e todo e qualquer malefício proveniente deste época a qual todos passamos ou iremos passar, e qual todos nós adoramos e temos inúmeras coisas para contar.
Sua paixão súbita por Peter, por exemplo, um garoto que ela não gostava no princípio e que convive com ela no esconderijo familiar, passa a ser até mesmo irritante. Uma boa parte dos capítulos são dedicados somente a sua fantasia e espectativa de que alguma coisa irá acontecer entre eles a qualquer momento.
Obviamente isto é compreensível, afinal se trata do diário de Anne Frank, e não do diário do nazismo. Ou seja, em meio ao confinamento e as fortes emoções de que algo pudesse acontecer com eles, tanto de serem pegos como serem libertados, chega a ser louvável que uma menina consiga se despreender deste mundo para conseguir viver como uma adolescente comum.
Mas enquanto o diário funciona bem como relato, para aqueles que gostam de uma boa história, existem outras obra mais comoventes e belas. A respeito do nazimos, na literatura - em minha opinião e dentre aqueles a quais eu li - nenhuma bateu Maus até agora.
Ainda assim não deixa de ser uma boa história. Tanto é que as adaptações de Anne Frank para as telas funcionam divinamente bem. São bem melhores que o diário, talvez por focar mais na história e nos acontecimento do que naquilo que Anne pensa. Um exemplo que não poderia deixar de fora é a respeito de seu pai, Otto Frank, um homem para se admirar. Anne não cansa de elogiá-lo, e mesmo outros relatos, como de Miep (que falesceu faz apenas 7 meses), ressaltam o grande homem que foi este, que é o único sobrevivente daqueles que se refugiaram na narrativa de Anne Frank.
No diário ele transfigura como alguém incomparável. Gostaria que o seu diário tivesse sido escrito alguma vez. Enfim, este é um livro que vale muito a pena para quem quer espiar um pouco o real modo como os judeus estavam lidando com toda a situação proveniente da maior loucura de nossos tempos.
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