domingo, 27 de fevereiro de 2011

O Monstro


"Um serial killer está à solta e o paisagista e pintor de letreiros Loris, um caloteiro de primeira e artista de segunda que vive fugindo do proprietário de seu apartamento para não pagar o aluguel, é o principal suspeito. Isso graças a seu péssimo hábito de ser surpreendido em situações comprometedoras.

Jessica, uma policial à paisana, é incumbida pelo excêntrico psicanalista policial, Taccone, de seguir Loris e adquirir provas para efetuar sua prisão. Mas as coisas não saem como planejado... Você vai morrer de tanto rir."

Esta é a sinopse de O Monstro, filme escrito, dirigido e protagonizado pelo cineasta italiano Roberto Benigni, que em 1997 ficaria internacionalmente conhecido pelo brilhante A Vida é Bela – vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Acompanhado de sua inseparável musa (a esposa Nicoletta Braschi) Benigni desenha, em minha opinião, um dos melhores filmes de comédias desde Charles Chaplin. Poucos filmes do gênero fazem parte de minha estante, e este é um deles.

Sua interpretação é impecável, marcante e inigualável. Benigni é uma espécie de Mr. Bean agregado com aquele exagero característico que é peculiar dos cidadãos italianos: articulados, sotaque cantarolado e descontraídos. De fato, os filmes de Benigni sempre ascendem a estes atributos, amplificando em níveis estratosféricos de modo que o humor seja imbatível.

Esta comédia não é aquela pastelona, nem se trata de besteirol, mas sim de um humor sútil e inteligente dado ao roteiro suave idealizado por Benigni, que cria situações cômicas no cotidiano comum de um malandro nato – que é personificado por Lori, nosso anti-herói que se envolve em tantas confusões que acaba se tornando o principal suspeito referente a um assassino em série que estava fazendo vítimas na redondeza.

Desde o princípio já sabemos que Lori não tem nada a ver com isto – simplesmente está sempre no local e na hora errada. Entretanto é esta fórmula que faz desta uma das grandes comédias: no ponto de vista das outras personagens, é quase impossível pensar que Lori não seja de fato o criminoso, afinal todas as situações levam os a esta conclusão. As cenas são hilárias, com diálogos excelentes, visto que as personagens são quase todas excêntricas e carismáticas.

Do ponto de vista de interpretação, este filme é uma aula de atuação. Para quem está iniciando sua carreira como ator, seja no teatro, seja no cinema, não deveria deixar de ver este filme por nada. De fato, ele é quase um laboratório para aquilo que veríamos três anos depois em A Vida é Bela. Os outros atores do filme também estão à altura do filme – não vou falar de Nicoletta Braschi, que interpreta a policial disfarçada que se aproxima de Lori para servir de isca numa operação, afinal seu papel propositalmente é não ofuscar o cintilante mestre.

Temos aí um filme completo, com começo, meio e fim, entretenimento de alto nível que, assim como certas séries, não cansamos de ver: uma, duas, três, quatro, cinco vezes, enfim, independente da quantidade de vezes que assistirmos, não tiramos a expressão de riso do rosto. Filme que eu recomendo para todos que eu conheço, logo não poderia deixar de recomendar neste blog.

Nenhum comentário:

Postar um comentário