quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

O Mundo Desvelado - A Descoberta do Nada

Este post é voltado a necessidade de explicar e para o eterno conflito entre ciência e religião. De um lado estão aqueles que explicam a origem do universo através do big bang e que acusam a religião de atrasar o avanço da ciência. Do outro lado estão aqueles que defendem a gênese humana através da vontade divina e que acusam a ciência de ultrapassar os limites da ética e da moral.

Afinal, quem está certo e quem está errado? Este é um tipo de discussão que não há fim, pois nenhuma das partes são convicentes ao extremo. Uma por que Deus é alcançado somente através da própria fé, que é um sentido, e por isto se vale da intuição e da experiência vivida por cada um. Porém os nossos sentidos são traiçoeiros e nos enganam demasiadamente. Sempre estamos a fazer coisas a qual nos arrependemos amargamente apenas por que a nossa emoção falou mais alto que a razão. E Deus reside na emoção e no sentimental. Também há o fato que os religiosos acreditam nas palavras de outros religiosos, os chamados guias espirituais, e são tão humanos quanto os demais.

Também faço a pergunta: se Deus quisesse se revelar ele realmente não faria isto de modo universal? Qual o sentido de testar a nossa crença? Sendo que a religião cada vez mais perde a sua força e o mundo está fica cada vez pior, não seria esta a hora ideal de Deus aparecer para botar restaurar a ordem? Os religiosos acreditam os designos divinos são um mistério, porém é uma espécie de prova para saber quem está do lado de Deus e do lado do mal. Mas isto não pode ser verdade. Deus jamais iria querer esperar que dois terços da humanidade fosse condenada a morada do Diabo para só então aparecer e "salvar" os já salvos restantes.

Do outro lado, os cientistas preocupados em descobrir a origem da vida, em sua maioria, defendem a teoria do big bang que, resumidamente, tem o foco da criação do universo numa explosão de um ponto de energia concentrada. Para explicar todos os conceitos, os cientistas de valem de inúmeras descobertas, teorias, estudos, fórmulas matemáticas, experiências e tudo mais. Apesar de tudo isto, não conseguem nem ao menos se auto-explicarem. Embora exista um avanço nas pesquisas cientíticas significativos, hoje não conseguem explicar o nosso comportamento, a origem de muitas de nossas ações e o funcionamento da maior parte de nosso cérebro. Ou seja, os cientistas não entendem eles mesmos, como esperam entender a gênese de tudo? Sendo o universo infinito, como ele pode ter origem? E esta razão toda a troca de quê? De desvelar que o homem é supremo a qualquer força e que está livre para fazer o que bem entender sem o risco de ser julgado por forças superiores, e sim pela eficiente justa-justiça dos homens?

Como pode um único ponto de energia concentrado explodir e gerar um corpo tão complexo como o do homem? São inúmeros orgãos, conexões, células, prazer, dor, movimento e, ainda, a dramática peça que é o pensamento. É tudo muito perfeito para sermos filhos de um ponto de energia concentrado. Também acredito que tívessemos origem em um Deus perfeito, não seríamos tão complexos assim. Pois a idéia de vida é muito mais simples do as milhares de células que formam o nosso corpo. Além disto, se tívessemos origem divina eu estou certo que não existiria a dúvida sobre a nossa gênese, pois certamente conheceríamos o nosso criador.

Mas creio que o que mais faz sofrer a humanidade não é somente este conflito entre razão e emoção, mas sim a necessidade de ter um mundo desvelado. Por que temos esta necessidade de querer explicar tudo? Para que serve esta atitude impiedosa?

Quando nos convencemos de um argumento esgotamos o assunto. Nos subordinamos a explicação de algo e passamos a acreditar nesta verdade produzida como nossa verdade. Não sobra espaço para a criativade ser desenvolvida, para construirmos nossas próprias teorias e fazermos nossas próprias análises, pois os anos que nos antecederam construiram algumas tão fortes que são difíceis de derrubar, são dificeis até mesmo de desacreditar. Pronto, está tudo desvelado. Não precisamos pensar, há quem faça este trabalho para nós. Podemos nos dedicar apenas a atividade de nos distrair. De vivermos como seres humanos castrados e domesticados.

José Ortega y Gasset dizia o homem é forçado a ser livre e, infelizmente, a fazer escolhas. Jean Paul Sartre, posteriormente, disse a mesma coisa quando disse "estamos condenados a sermos livres". O ser humano nasce livre mas desde o início de sua vida ele tem que tomar decisões. Logo ele acaba sendo produto de seu próprio meio, como acreditava Jean Jacques Rosseau, justamente por se deixar influenciar pela sua sociedade. É por isto que o homem brasileiros é diferente do homem francês, que por sua vez é diferente do homem japonês, pois adotamos costumes e hábitos de nossa cultura. Isto acontece por escolhermos aquilo que outros já pensaram por nós. Nossa liberdade estava a venda, e a máquina comprou por um preço muito barato. É por isto que além de sermos homens fabricados por nosso meio, também somos homens de nosso próprio tempo. Estamos condicionados a viver como a nossa cultura de hoje nos obriga a viver.

Isto por que os homens são fracos e dificilmente conseguem ser libertar. É raro os casos daqueles que conseguem fazer escolhas próprias, pois mesmo que as suas idéias não seja fabricada pela sociedade comum, provavelmente serão fabricadas por uma pequenina sociedade do contra. É por isto que pessoas se aderem à movimentos. Elas desconfiam que o sistema está errado porém não se sentem aptas para desenvolver suas próprias teorias e passam a seguir aquelas que estão mais próximas do que considera uma verdade. Uma ilusão causada pela certeza de não se ter uma verdade própria. No final acaba sendo condicionamento do mesmo jeito, apenas uma alienação alternativa.

É por isto recitamos pensadores, poemas e filósofos: estamos subordinados as suas idéias e incapacitados para desenvolvermos algo que combata a máquina por nós mesmos.

Porque o homem simplesmente não aceita a sua finitude? Porque ele não assume que é limitado e que há coisas que ele não pode explicar? Porque precisámos provar que somos melhores - já que estamos sozinhos? Porque temos que revelar tudo o que é um mistério?

A crise da razão é também a crise da fé. Nas respostas encontramos a descoberta do nada, apenas verdades provisórias e um mundo desvelado de infinitas realidades.

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