quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Como golpear a máquina

O filósofo tem o papel de expandir o horizonte, assim como substituir pontos e exclamações por interrogações. Provocar e indagar sobre a essência das coisas também faz parte de suas atribuições e, consequentemente, esta é uma ótima maneira de desestimular a máquina.

Esbocei, neste blog, diversos conceitos como hiper-realidade, hiper-consumo e multi-universo, para demonstrar que diversas dimensões e realidades diferentes podem coexistir num único espaço.

Através da fenomenologia, entendemos que algo só passa a existir a partir de nossa própria percepção. Assim, quando você questiona "Quem é o Evandro?", a resposta não se limita a apenas uma. Afinal, eu não sou um, eu sou vários. A quantidade das possíveis respostas para a pergunta "Quem é o Evandro?" será a quantidade de pessoas que me conhecem ou que tenha alguma percepção em relação a mim. Se você perguntar para os meus colegas de trabalho eles responderão: "Ele é um excelente profissional". Quando a mesma pergunta é dirigida aos meus colegas de universidade eles lhe dirão: "Um ótimo aluno". Já a minha família dirá: "Um bom filho". Para as pessoas que passam diariamente por mim sem ao menos trocar uma palavra: "É mais um convencido". Para os que me conhecem mais de perto: "Um cara inteligente". E assim a cadeia prossegue infinitamente, sendo que cada qual tem uma percepção única na hora de vislumbrar o meu ser.

Muitos poderão raciocinar "Para saber quem é o Evandro, basta perguntar a ele" porém a minha opinião representa apenas mais uma percepção em relação a mim, ela não é necessariamente verdadeira e nem necessariamente falsa.

Entendam que isto é uma quebra de padrões. Nada é exato. Nada é único. Com isto podemos enxergar a possibilidade de diversas realidades simultâneas. E fica mais fácil entender o que é apenas realidade aparente. Uma vez que você pode distinguir as realidades aparentes da sua própria realidade você poderá optar por qual caminho deseja trilhar. Provavelmente irá repudiar a realidade aparente e irá se apegar a sua própria, visto que é algo único e só seu, ainda que seja um universo solitário.

Tudo parece muito metafísico, porém basta pegar a própria geometria, uma ciência exata, para entender os conceitos de multi-universo. Por muitos e muitos anos, havia apenas a chamada geometria euclidiana, que propunha cinco axiomas e postulados. Ela é base para tudo o que nos é ensinado no colégio. Ou seja, qualquer teorema que contivesse estes cinco axiomas e postulados era considerado válido e não podia ser questionado. Foi neste modelo que "O Teorema de Pitágoras" e o "Plano Cartesiano" foram construídos.

Somente no século XIX alguns matemáticos negaram o 5º axioma ("Por um ponto, fora de uma reta existe uma única reta paralela à reta dada") e propuseram um novo. Pronto! Foi o suficiente para surgirem diversos novos modelos de geometria: Hiperbólica, Riemanniana, Esférica, etc. Todas elas são totalmente diferentes, porém todas são válidas. Basta que você selecione aquela que atenda melhor a necessidade do problema que está sendo tratado.

Ou seja, não há uma única razão verdadeira, pois são muitas as razões válidas, ainda que para você apenas algumas fazem sentido. Ao aceitar a quebra de padrões estaremos dando um tremendo gancho de direita na máquina. E você está convidado para ser, enfim, livre e viver num universo que é só seu!

Nenhum comentário:

Postar um comentário