Recentemente saiu na mídia a notícia que há tempos estávamos aguardando: chegou o carro que voa! E já não era sem tempo afinal a situação caótica do tráfego de veículos exigia soluções alternativas ao próprio trânsito terrestre.
Não irei entrar em questões referentes à benefícios, regulamentação do espaço aéreo, e afins. O que pretendo discorrer é somente algo sobre a qual o meu amigo Eduardo Patriota comentou no post "Simplesmente Vulgar" e a extensão deste comentário que ele publicou em seu próprio Blog.
Estaríamos em um processo de evolução ou ruptura? Será que todos estes acontecimentos, como liberdade sexual, assassinatos sem justificativas convincentes, enfim, esta libertação animal não seria parte do processo natural de evolução? Ou ainda, será que as coisas nem mudaram tanto assim, apenas alteramos o pano de fundo e descobrimos como arrebentar as correntes que nos prendiam dentro de nós?
E esta coisa que em toda a história as pessoas afirmam que "quando eram mais jovens, viviam em melhores tempos", não cairia na chamada "Regressão Infinita de Justificativas"? Será que isto indica que o mundo está piorando ano após ano, desde que temos conhecimento de sua existência, ou seria uma característica humana reclamar sempre do seu atual estado?
E o que o carro que voa tem a ver com tudo isto?
Para começar esta discussão é válido afirmar que todas as partes estão certas e erradas simultaneamente. Certas coisas evoluem, certas coisas continuam a mesma e certas coisas pioram a medida que o tempo passa, e muitas destas coisas incorporam todas estas características de uma só vez. Por exemplo, a internet: é inegável os benefícios trazidos por ela, afinal este blog não atingiria tantas pessoas se ela não existisse. É possível que estas idéias morressem comigo. Além disto a internet permite uma comunicação global e acesso a uma vasta documentação disponível no mundo inteiro. Entretanto, também há grandes malefícios: as pessoas estão cada vez mais sozinhas, egoístas e vivem cada vez mais individualmente, isto porque muitas preferem viver uma vida cibernética: lá eles são conhecidos e se fazem ouvir. Só que uma pessoa egoísta geralmente pensa somente nela mesma e ignora os problemas do mundo externo. Os homens também se tornam mais preguiçosos, mais conformados e, devido ao excesso de informações para se conhecer, tem menos tempo para se socializar.
Enfim, não há dúvidas que o homem tecnologicamente evolui, porém, sua participação social e coletiva no mundo cai significativamente. E eu, assim como você, somos produtos de nossa sociedade. Também consumimos. Também somos controlados pela máquina. Somente por sermos brasileiros, sofremos todos os abusos de nosso sistema tributário e escandalos de corrupção no governo. Dependendo da sorte do berço a qual você nasceu, e conseguindo visualizar o mundo da mesma forma que eu vejo, só resta lamentar, assim como eu faço, e vivenciar este sistema, afinal, eu não vejo como não trabalhar, assim como não vejo como produzir somente coisas para mim. Por isto que eu me considero um pessimista, pois muitas vezes não vejo saída por nossas próprias mãos. O que faço, talvez, seja aguardar por uma espécie de herói que tenha condições, ideologia e recursos suficientes para mudar tudo isto.
O fato é que estes não são bons tempos. Se o passado era melhor ou pior será difícil dizer, mas acredito que estávamos realmente evoluindo até que, há cerca de 20 ou 30 anos aproximadamente, entramos em ruptura. Estacionamos de vez. Este negócio de liberação de nosso espírito animal, como a liberdade sexual, não considero como evolução, mas como inversão de valores, afinal reconhecer os limites e ter auto-controle também são virtudes, porém não são mais aceitas nesta nossa sociedade. E nós nem somos tão livres assim, pois estamos condicionados a diversas situações que não podemos simplesmente abandonar. Por exemplo, trabalhar é condição da vida, se você não trabalhar, seja plantando terra ou dentro de uma empresa, irá morrer. E isto é injusto, sendo assim não somos totalmente livres.
Mas, talvez, o processo de comparar o presente com o passado pode ser igualmente injusto. Vamos tentar fazer diferente e observar como as pessoas do passado imaginavam o nosso presente. Todas as visões são apocalípticas e anunciam uma espécie de fim dos tempos.
Na literatura podemos pegar o "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley, a ficção de Philip K. Dick ou do escritor Isaac Asimov. Também tem o "1984" de George Orwell. No cinema, temos o clássico "Metrópolis", "Tempos Modernos" de Charles Chaplin e "Vanilla Sky". Também tem o desenho japônes "Akira" e recentemente um outro muito profético chamado "Ergo Proxy". Todos imaginavam a nossa época de uma forma muito pessimista, onde a tecnologia controlaria o homem e cada vez menos teríamos tempo para viver. Nestas obras somos seduzidos por uma aparência de evolução: grandes edifícios, carros que voam (!!!), telefones móveis (!!!), grandes centros de compras (shopping centers?) e trabalham muito. As pessoas, geralmente, vivem sozinhas, não têm (quando tem) muitos amigos, etc. Somos vigiados constantemente ("BIG BROTHER IS WATCHING YOU"), somos induzidos a pensar igual a todo mundo. Percebemos claramente um processo de mecanização do mundo.
Eles acertaram em muitas coisas, não é mesmo? Então vale a pena prestar atenção nestas profecias. Quase sempre a coisa não acaba muito bem. Sempre surge um visionário que percebe as situações sendo controladas e as pessoas prisioneiras de um sistema que inibe e padronize os pensamentos. E, a população em geral, não percebe que alguma coisa está errada em nenhum momento.
Quando eu comparo o nosso presente com estas obras, sinto calafros na pele. Confesso que tenho medo e não consigo deixar de pensar que estas coisas não fazem parte do nosso processo natural de evolução (talvez somente o processo artificial de evolução).
Acredito para nos conhecermos de verdade, precisamos de alguém que nos livre desta prisão a qual vivemos. Somente assim a vida será possível. Então só conhecemos aquilo que querem nos faze acreditar como verdade. Um mundo de simulações e uma segunda pele sobre a realidade. Hiper-realidade. Podemos dizer que somos como "The Sims" e não conhecemos os jogadores.
Então, você já fez a reserva do seu automóvel voador?
Nenhum comentário:
Postar um comentário