terça-feira, 8 de abril de 2008

A Batalha de Haditha



Neste final-de-semana assisti ao filme "Battle of Haditha", que veio a calhar num momento propício à discussão realizada no YouTube, no Orkut e em outros canais a respeito do documentário Fitna. Embora não haja uma aproximação direta do filme com o documentário, podemos estabelecer algumas relações interessantes, principalmente no que se refere à injustiça que os muçulmanos sofrem em relação aos atos terroristas de grupos isolados.

Como sinópse, o filme recria os acontecimentos do dia 19 de Novembro de 2005, onde um grupo de "Marines" das forças armadas nortes americanas assassinaram 24 pessoas, entre mulheres, homens e crianças, após terem um veículo atacado por uma bomba que foi acionada por uma célula terrorista na cidade de Haditha, no Iraque.

Se você quiser saber o que aconteceu com mais detalhes, clique aqui e leia o artigo públicado sobre o episódio no Wikipedia, em todo o caso irei comentar a respeito nas próximas linhas. Ou seja, contém Spoilers sobre a trama do filme, que não é um suspense, apenas reconta acontecimentos reais.

Logo no início, vemos um homem andando pelas ruas do Iraque. De repente ele observa um grupo linchando um homem no chão. Com ar de reprovação, ele entra em sua casa e desabafa com sua mulher: "Estes loucos da Al-Qaeda acabaram de matar o professor de inglês!".

Claro está que a intenção do diretor é mostrar que nem mesmo os muçulmanos aprovam as atitudes destes grupos extremistas que se dizem muçulmanos fundamentalistas. Ou seja, não é possível relacionar religião com terrorismo.

Numa outra fala, um muçulmano diz: "Meu medo é que surja alguém pior do que Saddam Hussein". Mais uma vez vemos que não são todos que concordavam com o regime do antigo ditador.

Numa fala, um soldado americano diz: "Este povo é hostil. Ou seja, caso necessário, não hesitem em atirar numa mulher ou criança, porque basta que o seu marido morra que elas virão para cima de você com armas nas mãos." Isto me lembra uma série de comentários a respeito do Fitna que eu ando lendo em diversos fóruns. As pessoas consideram todas culpadas, apenas por adotar uma crença diferente daquelas que estão julgando.

O ataque ao comboio dos Marines foi uma estratégia de um grupo terrorista. Eles colocaram uma bomba na estrada que seria acionada através de um celular. Dois terroristas vigiavam a estrada buscando o melhor momento para ativar os explosivos. Porém, de frente para a estrada, haviam diversas casas com moradores que não tinham nada a ver com os terroristas.

Durante a passagem de um comboio do exército norte-americano, o dispositivo é acionado e um dos veículos explodem. Resultado: uma morte e dois feridos. O responsável pela operação, ordenou que os responsáveis fossem encontrados. Logo de cara, eles chacinaram cinco pessoas que estavam dentro de um carro que estava passando por ali no momento. Depois começaram a invadir as casas e a chacinar quem estava pela frente, ainda que ninguém tivesse nem mesmo a oportunidade de falar. Enquanto isto os terroristas filmavam tudo as escondidas, posteriormente este vídeo seria divulgado entre os iraquianos para inflar moradores comuns a aderirem à causa terrorista (que promove a matança com o intuito de destruir o "inimigo"). No vídeo, uma menininha com o rosto ferido diz que seus país e seus irmãos foram assassinados e que ela odeia os americanos.

Nem preciso ir adiante, mas veja que os terroristas que dali surgiriam são produtos do próprio meio. Aqueles terroristas seriam fábricados pelo próprio governo dos Estados Unidos da América, e todos os atos provenientes dali, deveriam ser responsabilidade dos mesmos. Pessoas comuns, algumas estavam em festa, morreram sem saber o porque.

E ainda tem gente que continua a defender o exterminio dos islâmicos. Afinal, neste caso, a culpa é de quem? O importante é: os muçulmanos são muçulmanos, os terroristas são terroristas. São coisas distintas. Se calhou de alguns terroristas serem muçulmanos não tem nada a ver. Alguns deles poderiam ser corinthianos, palmeirenses, flamenguistas, grêmistas, e ainda assim deveríamos combater somente os terroristas, e não os torcedores. Devemos combater este mal, e não a religião.

Será que é tão difícil assim?

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