quarta-feira, 7 de maio de 2008

Clarisse e a Hora Negra

18:30h
São Paulo - Vila do Desassossego

Antes mesmo que a cabeça de Clarisse se direciona-se ao céu para pedir perdão pelas coisas ruins que andava fazendo ultimamente, as estrelas olhavam para ela tristemente e brilhavam melancólicas entre si. Não resistiam e acabavam chorando. Então chovia. Chovia com enorme agressividade em grande escala e com pingos em forma de barra invertida. Havia grandes lampejos e os raios atacavam ferozes, ofuscando os olhos mais sensíveis.

Era chegada a hora negra. Não havia como escapar.

Clarisse estava em seu apartamento localizado no suburbio da zona sul paulista. Um bom apartamento, nada muito exagerado, e ainda assim um bom apartamento.

Havia um confortável sofá, uma grande televisão.

Tudo aquilo que a fazia esquecer de sua condição de ser errante e pecador era extremamente necessário. A dor era muito grande para suportar com a solidão. Porém era chegada a hora negra.

Clarisse se levantou do sofá e foi até o banheiro.

Ligou sua ducha e se esfregava com o sabonete.

Enquanto isto milhões de pensamentos passavam por sua cabeça. E ela chorava lentamente. As lágrimas deslizando como ácido por sua face.

E, enfim, as lembranças. Ela começava a se esfregar com cada vez mais força a cada nota de pensamento.

Ela não era compreendida e não conseguia compreender.

Saindo do banho, começou a se vestir cuidadosamente. Clarisse era uma garota jovem, de 19 anos, e muito bonita por sinal. Tinha um corpo atraente e ela sempre soube que chamava a atenção.

Tinha uma profissão: era uma triste e bem sucedida meretriz.

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