domingo, 4 de maio de 2008

Vida Autêntica (ainda que por uns dias)

Este post está sendo redigido em um lugar maravilhoso, num ambiente utópico e promissor. De certa maneira, é a realização momentânea de um projeto que considero muito próximo daquilo que chamo de "viver o real".

Este lugar fica à 750 quilômetros de São Paulo capital, no estado de Minas Gerais. O nome da cidade: Presidente Bernardes (como referência, fica próxima de Conselheiro Lafaiete). Bem aventurados são os moradores desta pacata cidade!

Uma breve descrição da cidade: verde para todo lado! Casas separadas por, no mínimo, 2 quilômetros de distância uma das outras! Residências enormes e simples! Platanções de café e feijão, nos quintais, pés de mamão, laranja e limão. Pequenos lagos e algumas cachoeiras. Canto dos passaros e das cigarras. Vacas e cavalos passeando como se fossem homens. Montanhas esverdeadas para onde você direcionar o seu olhar. Não há cobertura de telefone celular e nem de fixo. Muitos lugares - não é este o meu caso - não tem ao menos energia elétrica. Enfim, o cenário ideal para nos redescubrirmos e que favorece uma nova aprendizagem, uma nova forma de explicar as coisas.

É impossível não gostar de si mesmo neste ambiente, visto que sua principal companhia será você mesmo: ou seja, o autoconhecimento adquirido por estes moradores é impressionante. Eles conhecem os seus limites, o que pode ser dito e o que não pode dito, reconstroem os seus valores internos, conservam uma ética exemplar e a simplicidade de quem, sabendo que é humano, reconhece os seus limites e que é necessário respeitar o outro.

Quando era mais jovem, distraído pelas vitrines das lojas, pela telemídia, pelas luzes da cidade, pelo trabalho e habituado à rotina, simplesmente não conseguia suportar este estilo de vida. Afinal, não conseguia ficar em silêncio comigo mesmo. Ia para os campos levando uma gama de CDs, diversas revistas e, se houvesse energia elétrica, uma televisão portátil e alguns vídeos. Tudo para me manter distraído! E assim voltava de férias dizendo à todos que passei dias maravilhosos nas florestas! Mas quão estranho é esta cena! Olhando para trás, percebo que apenas desloquei de sala e cama, mas nada havia mudado. Qual a diferença entre assistir televisão nos campos e nas cidades?

Agora, finalmente, posso perceber a grandiosidade da vida no campo, e, depois de tantos anos, posso, pela primeira vez,me dar ao luxo de descansar de toda esta loucura presente nas grandes cidades. Posso, derradeiramente, conversar comigo mesmo, me renovar, me energizar e refletir acerca das coisas. Pessoalmente, considero este momento propício para repensar o que passou e planejar o que farei pela frente. Serve como momento de transição, como um ponto zero. Começa agora uma nova partida.

Talvez o que vem por aí seja somente mais do mesmo, porém este meu refúgio serve para apenas me desligar um pouco, me dar um merecido descanso - que todos precisam tanto - e digerir todo o alimento que ficou mal mastigado nestes ultimos e desgastantes anos.

Estou aqui para aprender a viver! Através da observação da vida simples e humilde e com a conexão direta com a natureza, que tão bem me recebeu, tomar lições que possam tornar as coisas mais fáceis!

Como diria Henry D. Thoreau: "Fui à floresta porque queria viver profundamente / E sugar toda essência da vida / Eliminar tudo o que não é vida / e não, ao morrer, descobrir que não vivi".

Preciso ir agora, o almoço está servido: feijão, arroz e ovo cozido! Tudo direto da fonte e preparado num fogão à lenha que fica do lado externo da casa onde estou hospedado.

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