quinta-feira, 17 de julho de 2008

Longa Vida à Injustiça!

Sempre estou a reclamar que dentro deste sistema a qual estamos condenados a viver, fazer o mal sempre parece ser a melhor alternativa. Justiça, na sociedade do hiperconsumo, não é virtude e ser bom é ser ingênuo.

Enfim, estas são palavras duras, mas o que persiste e o que observamos é isto mesmo: uma inversão da moral, ou uma espécie de anti-moral. Entretanto, eis a razão para me sentir cada vez mais distante desta realidade, pois a verdade é que por mais que eu quisesse, jamais conseguiria ser uma pessoa enganadora, ou ser alguém que eu não sou - talvez esta seja as razões de minhas angústias.

Mas o fato é que as vias da injustiça demonstram que este é o melhor caminho para quem quer viver bem. Alguns podem questionar, mas e a consciência, como é que fica? Não fica! Este povo aprendeu que a consciência só serve para atrapalhar suas vontades - é uma espécie de pedra no caminho. Logo, eles aprenderam que se tem algo de bom para aprender é a não ter vergonha na cara.

Segue uma historinha que o povo conta e que ilustra bem onde quero chegar (qualquer semelhança com Maquiavel é mera coincidência):

Havia um rei muito poderoso que era extremamente rigoroso com a execução da lei, assim como as penas aplicadas conforme os crimes cometidos pelos habitantes de seu reino. Baixava os seus decretos e era conhecido como um rei muito justo. Ainda assim, ele percebia que cada vez mais perdia força e era menos temido em seu reino.

Sendo assim, ele convocou o seu principal conselheiro e relatou o fato. Questionou ao sábio como ele poderia explicar tal coisa, de tal modo que ele respondeu: "Alteza, na verdade é tudo muito simples. Como vossa majestade só condena pessoas criminosas e culpadas, é mister que os outros irão deixar de respeitá-lo, afinal eles não têm nada a temer. Basta que execute alguns inocentes que muito em breve o povo voltará a temê-lo".

Depois de pensar um pouco, o rei percebeu que o conselheiro tinha razão. Passado alguns dias, ele condenou-o a morte.

Um comentário:

  1. Concordo plenamente: vivemos no mundo a inversão de valores. Glorifica-se nos EUA o estilo rapper machão, perigoso, briguento.

    No Brasil, glorifica-se o esperto que passa os outros para trás em benefício próprio (Lei de Gérson).

    Infelizmente, evoluímos a passos lentos e todos que não compactuam com as injustiças, sofrerão na carne por seu pacifismo.

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