quarta-feira, 23 de julho de 2008

Radiohead: OK Computer

Eu gostaria de ter escrito este post há algum tempo atrás, porém sempre fiquei por esperar o melhor momento para escrever com todo o cuidado e atenção que o assunto merece, porém no meio de toda esta loucura a qual estamos presentes, neste mundo acelerado, são raros os momentos prolongados de extrema calmaria. Portanto decido iniciar esta série de 12 análises - além deste post - onde cada análise representa uma música do principal álbum lançado nos últimos anos: se trata de O.K. Computer do Radiohead.

Esta álbum representa muitas coisas e muitas possibilidades de reflexão ao compararmos suas melodias com o nosso tempo. Ele não é somente apocalíptico e profético porque não trata somente do amanhã, ao contrário, retrata a nossa sociedade nos dias de hoje. É como se o universo idealizado por Huxley em "Admirável Mundo Novo" tivesse se tornado realidade. Nas composições deste álbum nós temos a oportunidade de refletirmos acerca de quanto realmente evoluímos ou se entramos em ruptura com a própria realidade.

E não é somente nas letras que o álbum do Radiohead faz uma crítica a sociedade contemporânea, porém na própria arte, no título e nas melodias, que estão repletas de experiências eletrônicas e ruídos enigmáticos como forma de ambientação para conectar o ouvinte ao contexto das próprias canções.

A crítica gira em torno do quão distante está o homem de si mesmo e da sociedade, graças aos avanços tecnológicos e aparente evolução-revolução da informação. Finalmente a ciência tem a oportunidade de mostrar todo o seu potencial, como uma espécie de heroína de nossos tempos, porém perceba hoje como está a nossa vida dominada por tanta tecnologia, eletrônicos e robôs. Estas facilidades deixam o homem cada mais solitário e não-sociável, onde tudo está em âmbito virtual.



De certa maneira, a tecnologia serve ao propósito da domesticação do homem, e o apego a este mundo é próprio das mentes covardes que não conseguem se aquietar e resolver os seus próprios conflitos e combater os seus demônios. É preciso que haja um ponto de distração para que assim os homens possam esquecer suas angústias e entrar em processo de coma induzido, visto que ao se perder de si mesmo ele entra num estado de inconsciência diante do seu universo.

Perceba que a própria capa do disco retrata uma sociedade semelhante a nossa, porém perceba que está tudo meio desfocado, como para reforçar a idéia de um local distante, onde as coisas acontecem num ritmo desenfreado, ainda que melancólico. O próprio título destaca: "OK, computador, você venceu", o que caracteriza o pessimismo do grupo em relação aos nossos dias.

A influência deste álbum é tão grande que para comemorar os 10 anos de lançamento do OK Computer, diversos grupos regravaram o disco e disponibilizaram as faixas em mp3 gratuitamente para download, numa iniciativa brilhante, tanto na forma de distribuição quanto na forma de homenagem.

Portanto, OK Computer é uma viagem psicodélica em nossa própria sociedade, onde através de canções somos colocados lá no alto e nos espantamos ao vislumbrar a realidade através do mundo exterior. Ao acabar, somos despertados e uma melancolia toma conta de nós por reconhecermos que este é o próprio universo a qual vivemos.

A seguir, Airbag.

Nenhum comentário:

Postar um comentário