
Enfim, desta vez chegou a hora de eu escrever de uma outra ferramenta para combater o hiperconsumo: o vegetarianismo. Neste post, pertencente a um parceiro na luta contra o pensamento fabricado, você encontra diversas informações interessantes sobre o vegetarianismo como uma arma para mudar o mundo.
O vegetarianismo cada vez mais parece estar na moda. A grande razão para a adoção desta cultura, que já vem de longa data e dos mais diversos grupos (desde religiosos ortodoxos até anarquistas), é o discurso de uma alimentação mais saudável, uma maneira de protestar contra o abuso contra animais - principalmente os bovinos - e contribuir com um mundo mais sustentável.
Porém, o vegetarianismo, ao meu ver, tem uma importância grandiosa na batalha contra um consumo desenfreado, tão característico em nossa época. Quem é vegetariano come menos, gasta menos e vive melhor, justamente porque não é adepto do exagero. A carne, principalmente a vermelha, atua diretamente em seu cérebro numa área responsável pelo prazer. Ou seja, é muito prazeroso comer carne vermelha. Não há como negar que o sabor é delicioso e que resistir a uma boa churrascaria é missão para poucos.
Sabendo disto, a máquina entra em ação: a carne se torna um alimento sacro. Desta forma condiciona toda uma célula - principalmente no Brasil, que é um país de cultura agropecuária - a consumir carne no seu dia-a-dia. Antes o que era conhecido como arroz-com-feijão agora é conhecido como arroz-com-feijão-e-carne - este sim é um típico prato brasileiro. A carne entrou num processo de hiperconsumo, basta visitar a geladeira de qualquer família em nosso país. Não há mais como viver sem o consumo de carne. Não ter carne nas panelas é visto como um sinal de quê "alguma coisa está faltando", ou de miséria (e este sentimento está enraizado dentro de nós). É o artifício da hiper-realidade: algo está para além do que realmente é, pois desde quando a falta de carne numa residência ou num prato quer dizer alguma coisa?
Com a massa sobre controle, a máquina faz uma jogada de mestre: no preço destes alimentos "essenciais" há uma hipervalorização e todos pagam sem consciência por ela. É comum reclamarmos que um quilo de carne está custando absurdos e ainda assim continuarmos comprando como se não houvesse outras alternativas para alimentação. Neste contexto, estamos escravizados pela máquina. É a perca de identidade do homem com o real. Ele não caminha livremente, mas é guiado por entre veredas obscuras.
O vegetarianismo é a alternativa para escapar deste condicionamento alimentar. Talvez não seja necessário interromper abruptamente a sua dieta, porém reduzir o consumo já é um grande golpe contra o hiperconsumo: além de gastar menos, você estará num processo de reeducação que lhe ajudará nas questões de saúde. O que não dá é para ficar participando de churrascadas sem fim. O churrasco NUNCA deverá ser o atrativo para reunir amigos e famílias, pois sendo a maior parte das pessoas condicionadas, elas irão apenas para comer, sem se importar com a ocasião. Neste caso, é melhor que estas pessoas nem mesmo apareçam.
O grande problema é que a máquina, com toda a sua sabedoria, entendeu que o público vegetariano é um público em ascensão. Neste contexto, ela precisa aumentar o preço da carne (para não perder o seu capital de giro neste segmento) e, como se não pudesse ter coisa pior, aumenta o preço dos vegetais, que é a alternativa de consumo proposta pela célula que combate o excesso a favor da natureza. Ou seja, os vegetais (que ainda assim estão com preços mais acessíveis do que a carne) estão subindo de valor devido a oferta e procura, como estratégia de controle da máquina. Quando um pequeno grupo conseguiu romper com as grades a qual fomos todos condenados, eis que a máquina aparece e trancafia todos os fugitivos em uma outra cela.
Mas por mais que a coisa toda pareça muito ruim, desta desgraça pode surgir algo de bom. Escreverei sobre isto num post que publicarei muito em breve.
Realmente, um vegetariano come menos. Comer é necessário e é prazeroso. Mas não podemos tirar algumas pequenas coisas que não fazem assim tanta falta em benefício dos animais, do meio-ambiente e da nossa própria saúde. Realmente, comer carne de qualquer tipo não é crueldade nem nada. Mas se puder evitar comer todo dia e toda hora, com certeza, só temos a ganhar
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