quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O Vegetarianismo Contra o Hiperconsumo

Como já disse mais de uma vez neste blog, tenho consciência de que certas atitudes ambientais são uma maneira de resgatar uma forma social de educação que se perdeu em algum momento desde o início da era do hiperconsumo. Enquanto a maioria dos ambientalistas defendem estes movimentos como uma maneira de salvar a natureza - o que é verdadeiro - eu faço propaganda a favor destas ações para combater o exagero, o desperdício, o consumo extra-essencial e, consequentemente, a máquina. Foi assim quando eu resolvi escrever uma série de artigos contra o uso de sacolinhas de plástico e a favor da utilização de sacolas retornáveis: antes de ser uma questão meramente ecológica, é uma questão de bom-senso contra um consumo sem sentido e nem razão de ser, afinal, porque todas as vezes que você volta de um supermercado para casa você precisa trazer mais 50 sacolas contigo? Aproveite as que você tem em casa!

Enfim, desta vez chegou a hora de eu escrever de uma outra ferramenta para combater o hiperconsumo: o vegetarianismo. Neste post, pertencente a um parceiro na luta contra o pensamento fabricado, você encontra diversas informações interessantes sobre o vegetarianismo como uma arma para mudar o mundo.

O vegetarianismo cada vez mais parece estar na moda. A grande razão para a adoção desta cultura, que já vem de longa data e dos mais diversos grupos (desde religiosos ortodoxos até anarquistas), é o discurso de uma alimentação mais saudável, uma maneira de protestar contra o abuso contra animais - principalmente os bovinos - e contribuir com um mundo mais sustentável.

Porém, o vegetarianismo, ao meu ver, tem uma importância grandiosa na batalha contra um consumo desenfreado, tão característico em nossa época. Quem é vegetariano come menos, gasta menos e vive melhor, justamente porque não é adepto do exagero. A carne, principalmente a vermelha, atua diretamente em seu cérebro numa área responsável pelo prazer. Ou seja, é muito prazeroso comer carne vermelha. Não há como negar que o sabor é delicioso e que resistir a uma boa churrascaria é missão para poucos.

Sabendo disto, a máquina entra em ação: a carne se torna um alimento sacro. Desta forma condiciona toda uma célula - principalmente no Brasil, que é um país de cultura agropecuária - a consumir carne no seu dia-a-dia. Antes o que era conhecido como arroz-com-feijão agora é conhecido como arroz-com-feijão-e-carne - este sim é um típico prato brasileiro. A carne entrou num processo de hiperconsumo, basta visitar a geladeira de qualquer família em nosso país. Não há mais como viver sem o consumo de carne. Não ter carne nas panelas é visto como um sinal de quê "alguma coisa está faltando", ou de miséria (e este sentimento está enraizado dentro de nós). É o artifício da hiper-realidade: algo está para além do que realmente é, pois desde quando a falta de carne numa residência ou num prato quer dizer alguma coisa?

Com a massa sobre controle, a máquina faz uma jogada de mestre: no preço destes alimentos "essenciais" há uma hipervalorização e todos pagam sem consciência por ela. É comum reclamarmos que um quilo de carne está custando absurdos e ainda assim continuarmos comprando como se não houvesse outras alternativas para alimentação. Neste contexto, estamos escravizados pela máquina. É a perca de identidade do homem com o real. Ele não caminha livremente, mas é guiado por entre veredas obscuras.

O vegetarianismo é a alternativa para escapar deste condicionamento alimentar. Talvez não seja necessário interromper abruptamente a sua dieta, porém reduzir o consumo já é um grande golpe contra o hiperconsumo: além de gastar menos, você estará num processo de reeducação que lhe ajudará nas questões de saúde. O que não dá é para ficar participando de churrascadas sem fim. O churrasco NUNCA deverá ser o atrativo para reunir amigos e famílias, pois sendo a maior parte das pessoas condicionadas, elas irão apenas para comer, sem se importar com a ocasião. Neste caso, é melhor que estas pessoas nem mesmo apareçam.

O grande problema é que a máquina, com toda a sua sabedoria, entendeu que o público vegetariano é um público em ascensão. Neste contexto, ela precisa aumentar o preço da carne (para não perder o seu capital de giro neste segmento) e, como se não pudesse ter coisa pior, aumenta o preço dos vegetais, que é a alternativa de consumo proposta pela célula que combate o excesso a favor da natureza. Ou seja, os vegetais (que ainda assim estão com preços mais acessíveis do que a carne) estão subindo de valor devido a oferta e procura, como estratégia de controle da máquina. Quando um pequeno grupo conseguiu romper com as grades a qual fomos todos condenados, eis que a máquina aparece e trancafia todos os fugitivos em uma outra cela.

Mas por mais que a coisa toda pareça muito ruim, desta desgraça pode surgir algo de bom. Escreverei sobre isto num post que publicarei muito em breve.

Um comentário:

  1. Realmente, um vegetariano come menos. Comer é necessário e é prazeroso. Mas não podemos tirar algumas pequenas coisas que não fazem assim tanta falta em benefício dos animais, do meio-ambiente e da nossa própria saúde. Realmente, comer carne de qualquer tipo não é crueldade nem nada. Mas se puder evitar comer todo dia e toda hora, com certeza, só temos a ganhar

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