sábado, 30 de agosto de 2008

Suicidio Capital e Genocidio Urbano

Geralmente, em meus artigos, eu não faço pesquisas a procura de dados que comprovem uma determinada impressão que eu tenho a respeito das coisas. No máximo, eu recorro a uma sentença abstrata de um filósofo que pode ilustrar bem o que eu quero dizer. Claro que há algumas exceções, porém esta não-crença nas estatísticas tem uma razão de ser: o poder de manipulação das mídias.

Por isto mesmo, prefiro confiar em minha própria experiência com o mundo, através da observação, para concluir algum raciocínio. Isto não quer dizer que eu seja um empirista radical, pois esta fase já passou e entramos em uma nova era. Hoje, outros agravantes como condicionamento em massa e manipulação das emoções nos situam em um mundo onde nada mais parece real, porém hiper-real - ou seja, fictício, dramático e elaborado para que nossas vidas sejam semelhantes à telenovelas ou livros de ficção. Desta forma fica tudo mais previsível e sob controle.

Enfim, o fato é que todas as vezes que eu vou ao supermercado eu me espanto com o aumento de alguns produtos. E isto numa espécie de ciclo sem fim - nova visita, novo espanto, novas compras, mais dinheiro gasto com as mesmas coisas. Á cerca de 6 meses, meu carrinho custava R$ 170,00. Hoje o mesmo carrinho está custanto R$ 250,00. Este aumento se reflete também em outras categorias, como nos veículos: em 2006 um carro popular básico custava R$ 29.800, sendo que hoje este mesmo carro - sem nenhuma mudança - custa R$ 32.500.

Porém o que me preocupa é este aumento do supermercado, pois são os commodities - produtos essenciais - que estão aumentando demasiadamente. Vejam o caso do feijão que hoje custa mais de R$ 6,00 e que até há pouco não custava mais de R$ 2,50. Esta é a evidência. Alguns irão explicar que isto se deve ao etanol, onde pequenos e médio agricultores deixaram de produzir alimentos básicos para plantar cana-de-açucar, visto que é muito mais rentável (porque o preço do Etanol não diminue?). Outros irão propor novas teorias, e assim caminha a roda.

O fato é que o Brasil tem terras e mais terras produtivas sem produzir e que um país como o nosso só tem problemas de origem de auto-abastecimento devido a ganância das pessoas que estão preocupadas em enriquecer e devido á omissão de nosso governo. Porém nada justifica estes aumentos em commodities - eles simplesmente aumentam porque querem e porque não há fiscalização de verdade (se houvesse isto jamais aconteceria).

Estamos prestes a entrar numa crime: vai chegar um momento que o povo não terá mais dinheiro para consumir produtos não-essências (como eletrônicos e roupas) porque sua renda estará comprometida com os alimentos. Chegará um momento que a inadimplência chegará à níveis absurdos, graças aos financiamentos sem critérios e com taxas de juros altíssimas.

Então reinará o caos. Não haverá messias que nos salve desta situação. A pobreza estará em evidência e o capital entrará em um processo de suícidio, que aguardamos a tanto tempo e com tanta ansiedade. A máquina enriquecerá à um ponto que não terá mais como enriquecer, de modo que os produtos não poderão mais ser adquiridos a não ser pela classe altíssima - que é cada vez menos e mais restrita (embora a imprensa insista em dizer o contrário - mas, repare, caros amigos, desde quando uma família que têm renda acima de R$ 7.200 pode ser considerada de classe alta, como eles dizem?).

A classe mais miserável também aumenta e eles serão os primeiros a serem dizimados. Eles são o nosso termômetro: quanto mais aumenta a criminalidade, mais aumenta a classe dos esquecidos, pois o índice para comparação é o mesmo. A crueldade também aumenta: é a chance insana dos foras-da-lei se vingarem pela oportunidade que nunca tiveram ao torturar uma outra vida. É o grande momento deles.

A tendência é que em breve também cheguemos à esta classe. Se a nossa dignidade não sobreviver, daremos lugar ao fracasso e lutaremos como cães selvagens pela ingrata vida: nesta contexto é matar ou morrer.

Nisto o capital morre enforcado em sua própria corda, pois o capital nunca se preocupou em ser moderado, mas apenas com a luxuria e o com o glamour. Quando isto acontecer, muitos não existirão, serão apenas espólios de uma guerra invisível.

Porém será tempo de recomeçar. É o fim do capital, mas não o fim do homem, e entraremos num novo período que eu nem atrevo a pensar como seria. Melhor? Pior? Não há como saber, mas o ser humano prevalecerá. A máquina, enfim, estará morta e será estudada como mais um sistema que parecia inabalável e que mostrou sua fragilidade, assim como todos os outros desde o princípio da história do mundo.

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