Este artigo faz parte de uma série que visa analisar a obra Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski. Para conhecer todos os outros textos que já foram públicados sobre este assunto neste blog, clique aqui.
A Respeito do Crime¹, por Rodion Románovitch Raskólnikov
Artigo publicado no jornal Discurso Periódico
O artigo discorre sobre o estado psicológico do criminoso durante todo o ato do crime. Durante a exposição de sua teoria, Raskólnikov diz que o ato de execução de um crime sempre é acompanhado de uma doença².
A sua teoria consiste em afirmar que existem certas pessoas no mundo que podem cometer toda uma infinidade de crimes que nada acontecem a elas, como se fossem invisíveis a lei. Mais precisamente ele utiliza como exemplo a figura de Napoleão Bonaparte.
As pessoas podem ser divididas em dois tipos de classificação: ordinárias e extraordinárias. No primeiro caso, as pessoas vivem na obediência e não têm o direito de infrigir a lei - até mesmo porque a lei são criadas para controlar esta massa. No segundo caso, as pessoas podem infrigir a lei justamente porque a consciência permite que eles ultrapassem obstáculos para a execução de sua idéia, muitas vezes, benéficas para toda a humanidade. Por exemplo: se para que Newton revelasse suas teorias para o mundo ele precisa-se eliminar algumas pessoas que pudessem lhe impedir, ele teria não somente o direito, mas a obrigação de matá-las.
No artigo, Raskólnikov também desenvolve a idéia que todos os legisladores, que conceberam as leis desde o início do tempo, também são criminosos justamente porque quando criaram novas leis como forma de substituição a anterior, acabaram por violá-las - como no caso de Napoleão, Maomé, Sólon e Licurgo. Por isto mesmo, não hesitaram em cometer atrocidades enquanto rompiam com as leis anteriores.
Desta forma, todos os seres que desejam dizer alguma coisa de novo a sociedade, devem ser forçosamente criminosos para romper com os limites, pois as leis são justamente o que lhes impossibilitam de se destacarem.
Conforme suas palavras, os ordinários são senhores do presente, pois eles conservam o mundo e o multiplicam em número. Os extraordinários são senhores do futuro, pois eles fazem o mundo mover-se e o conduzem para um objetivo.
¹Este artigo é discutido no 5º capítulo da 3º parte de "Crime e Castigo" num diálogo entre Raskólnikov, Porfiri e Razumíkhin.
²Coincidentemente ou não, Raskólnikov fica totalmente debilitado após assassinar Aliena Ivánovna, a ponto de ficar dias na cama e precisar de tratamento médico.
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