A máquina deu uma falhada. Ela, que sempre regeu o conteúdo dos mídia, agora é protagonista dos quadrados mágicos de cada um dos televisores presentes no lar de cada humandróide. Também está na internet e nos papermídias. E para o nosso deleite, eu falarei um pouquinho sofre a crise da máquina, alguns burburinhos, sobre a vontade do real prevalecer sobre o hiper-real (embora acredito que ele apenas vai ficar na vontade) e sobre a espectativa do que irá acontecer em breve.
Veja o artigo A Máquina Engasga para entender o mercado de ações a crise atual.
Dado estes esclarecimentos, vamos aos fatos. Esta crise tem impacto direto na nossa vida? Se você tem dinheiro aplicado, será afetado diretamente. Caso contrário, também será afetado, mas indiretamente: no caso das multinacionais, caso alguma quebre, como a citada GM, haverá desemprego no Brasil. O Brasil é um país em ascensão e os investidores estrangeiros sabem disto, porém os países envolvidos diretamente com a crise cada vez mais deixarão de importar parte de nossa mercadoria – que representa uma boa parte de nossa economia. O prejuízo que algumas empresas tiveram lá fora podem refletir negativamente aqui quando eles tentarem equilibrar suas finanças: isto se traduz em preços mais altos.
Também pode acontecer de países como o Brasil, em ascensão, se dar bem durante a crise e receber mais investimentos de especuladores, visto que tendência é que eles invistam sempre onde é mais certo que irão lucrar. Não dá para saber ao certo o que irá acontecer, vamos esperar. De fato, de alguma forma seremos afetados. É por isto que a bolsa de valores é considerado um jogo de sorte, assim como o carteado, e muitas vezes não tem lógica alguma. Nunca dá para saber o que irá acontecer no momento seguinte, pois o efeito bola de neve existe e esta aí: todos estão amarrados uns aos outros, se um fica gripado, todos ficam.
Veja o artigo Crítica a Uma Política Globalizada para entender como a globalização nos prejudica no dia-a-dia e como as coisas podem piorar.
Entre tantas incertezas, estou certo de algo: a máquina nunca foi e nunca será do bem. Ou seja, estamos envolvidos por um sistema malicioso que não deseja nenhum bem ao cidadão que convive em seu núcleo. Um sistema mal precisa de algumas pessoas más, que atuam como guerreiros a serviço da máquina, e um monte de gente tapada para acreditar em suas baboseiras. Sendo assim, caso você seja alguém de bem, que faça sempre as coisas dentro da lei, que respeite o direito do próximo, enfim, uma pessoa rica em virtudes e moralmente correto, será um mero fantoche para a máquina e o sistema do hiper-real. Esta é a idéia: que o mal governe e o que o bem seja governado. Não há espaço para os dois numa escala igual porque eles se contradizem. Eles não se conversam.
Um capitalista bem sucedido é aquele que não tem vergonha de passar a perna no seu próximo e não hesita em destruir vidas para o seu objetivo ser alcançado. Um bom capitalista é aquele que suborna para passar impune as leis que ele mesmo cria para ter a sociedade ainda mais na mão. É difícil imaginar como seria um capitalismo limpo. É como tentar pensar um quadrado redondo.
A questão onde pretendo chegar é meramente ética: se o capitalismo é a salvação de um mundo selvagem, porque não somos todos felizes? Porque cada vez mais o homem é distanciado da convivência em grupo? Porque o sistema insiste em nos manter isolados e trancados dentro de algo pequeno e específico?
Hoje temos tantas variedades de escolha que gosto de bandas que nunca ninguém ouviu falar, vejo filmes que jamais passarão na TV e leio livros de caras que são tão bons, que quanto mais eu divulgo suas obras mais tenho certeza que ninguém lerá (afinal estão entretidos com o ‘relevador’ “O Segredo” e o “Código da Venda”). Sendo assim, não surge espaço para debates. Também estou sozinho, tanto quanto todos os outros neste mundo globalizado. Mais uma vez surge o problema da diversificação e da hiper-realidade.
Se o capitalismo realmente é mal, todas as pessoas que fazem parte dele seriam, necessariamente, más? Não. Os únicos que são maus mesmos são os que estão no topo do mundo, no controle das coisas. O restante não tem ciência de que estão contribuindo para enriquecer algo que não se importa com eles mesmos. Alguns outros sabem do que estou falando, mas não tem uma alternativa para escapar desta força poderosa. Ou seja, a grande parte das pessoas não são más, porém muitas vezes cometem pequenos delitos éticos e morais sem saber (para que elas não tomem conhecimento de seus crimes, a máquina fornece brinquedos para mantê-las entretidas e não questionarem os seus atos).
Vamos exemplificar com o mercado de ações, visto que é este assunto que motivou a sequência de artigos que estou trabalhando neste momento: para qualquer investidor, seja um dinossauro ou um frango, a conduta é a mesma. Comprar ações num valor menor para posteriormente vendê-las num valor maior, de modo que possa lucrar. Todas as coisas no capitalismo funcionam exatamente desta forma, porém vejam que neste simples gesto existe uma falta contra o humanismo grave, porém imperceptível:
Você, quando comprador de ações no mercado especulativo, espera ser o bam-bam-bam que irá comprar ações baratas de uma empresa e irá esperar até que surja um tapado que aceite comprá-las por um valor maior do que você pagou. Porém você também é um tapado, afinal o cara que vendeu os papéis para você pensou exatamente a mesma coisa. Muitas vezes, quando perder dinheiro, tentará reaver os seus prejuízos a todo custo, e isto poderá lhe levar, fatalmente, a ruína. Percebam que nem há tanta diferença entre o bingo e a bolsa de valores, o ingrediente para vencer e perder nos dois é o mesmo: a sorte.
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