domingo, 2 de novembro de 2008

Sobre a Justiça e Liberdade Capitalista

Meu espírito rebelde não permite que eu simplesmente observe alguma coisa que eu considere eticamente incorreto e ignore-a. Por dentro, surge um chama que simplesmente não se aquieta, o que permite que eu faça certos discursos, ainda que em minha mente, revoltados.

Durante esta, que é considerada a maior crise econômica dos últimos tempos, resolvi, definitivamente, hastear a bandeira do ‘sou contra o capitalismo’. Logo, fui contrariado com a seguinte afirmação: o capitalismo é um sistema justo, afinal ele é o único que garante liberdade para todos, de modo que qualquer um pode chegar a qualquer lugar, pode se expressar da forma que quiser e, dependendo do esforço empregado, pode se ter uma boa vida. Tudo depende apenas de você.

O argumento realmente é muito bonito. Porém, como já disse inúmeras outras vezes, o capital é um sistema que depende das coisas aparentes e do condicionamento. Portanto, este é um discursos fantasioso, e por mais que pareça verdadeiro e honesto, a prática diz outra coisa. Desta forma, irei registrar algumas breves idéias sobre a justiça e liberdade capitalista – embora eu tenha impressão que já disse alguma coisa parecida em algum outro artigo.

Para mim, justiça é algo que represente aquilo que é justo e que tem relação com o equilíbrio. Se alguém é bom e faz coisas boas, merece uma vida boa. Caso contrário, ele será merecedor de uma vida ruim. Independente de classe social, credo ou posição, as condições morais e éticas devem ser sempre as mesmas. As oportunidades devem, ainda no ponto zero, iguais à todos os habitantes. Assim você mantém as coisas equilibradas.

Na prática, o capitalismo não resolveu o problema existencialista do absurso de existir. Ou seja, o sistema do capital não está interessado em ideais de igualdade, mas de favorecer aquilo que já está. Portanto, a oportunidade de um negro, que tem um pai criminoso e uma mãe não instruída, com uma vida miserável onde falta o alimento do dia-a-dia, não terá a mesma oportunidade de um branco, filho de uma família bem sucedida. Ou seja, tanto a raça como a classe social irá fazer diferença no mundo capitalista.

O mesmo se aplica à um deficiente físico: a dificuldade encontrada para que ele chegue numa posição executiva dentro de uma companhia será centenas de vezes mais difícil do que uma pessoa sem deficiência. Enfim, as oportunidades não as mesmas, e nem as condições para atingir um objetivo. Quanto ao pobre, para ele alcançar uma vida boa, terá que se esforçar muito mais do que alguém que já tem uma condição de vida ideal – sendo que este terá que se esforçar muito mais se quiser ficar muito pobre. Ou seja, não há igualdade e o sistema favorece que o rico cada vez fique mais rico e o pobre fique cada vez mais pobre, pois o caminho proposto pelo sistema para que um miserável leve uma vida de glamour é um caminho aparente, pois o sistema não leva em consideração o seu histórico social e te coloca desafios insuperáveis, por exemplo, como um determinado sujeito pode deixar de ser filho de um ex-presidiário?

Num questionário para uma vaga de confiança, muitas vezes o seu passado é investigado, que culpa eu tenho se meu irmão é um assaltante profissional ou se meu filho cometeu assassinato? Nenhuma, porém o sistema do capital irá lhe culpar, pois a justiça não existe.

Que liberdade é está, quando eu simplesmente estou limitado por minhas condições próprias de atingir o objetivo que eu sempre quis atingir? Esta sensação de ‘ilimitado’ e de ‘infinito’ é perigosa, pois pode lhe custar frustações traumáticas. Prefiro que deixem claro até onde posso chegar do que o ilusório discurso de que o céu é o limite.

Além do quê, para que um rico seja produzido, é necessário que explore a camada mais embaixo da pirâmide. Portanto, este negócio que o capitalismo é um sistema justo e que visa a liberdade é balela. Primeiro que a liberdade é uma utopia, e ainda que fosse possível, como seria um mundo onde nós, comprovadamete animais selvagens, iríamos nos comportar? Minha imaginação é tamanha que tenho medo só de pensar no assunto.

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