terça-feira, 18 de novembro de 2008

Sobre a Alegria Presente nas Coisas

Devido a minha posição pessimista em relação ao universo, o leitor pode achar que eu sou uma pessoa obscura, fechada e não-sociável. Ao contrário, sou uma pessoa bem humorada e enxergo alegria nas coisas mais simples na vida. Não sou contra a luz ou contra o sol, apenas solidário da opinião que cada estado deve ser vivido intensamente e ressalto a importância da necessidade de chorar, assim como sorrir.

A felicidade, ao meu ver, é um estado a qual grande partes das pessoas, condicionadas ao seu universo, distorcem como uma utopia a ser atingida. Existe uma corrida contínua e desenfreada, quando não histérica, em busca de uma felicidade que nos abasteça plenamente. Desta maneira, grande parte das pessoas entende que a felicidade se encontra no fim de uma estrada e buscam maneiras de como percorrer esta empreitada em busca do sonho máximo. O problema reside justamente em afirmar esta busca, pois você coloca a felicidade sempre para depois ou para o amanhã.

A verdade é que a alegria já está aí. Você não precisa procurar por algo que está ao seu alcance. Basta que aprenda a enxergar-la. Percebe que existe alegria no cantar dos pássaros, na ingenuidade de uma criança e no sorriso do teu semelhante. Que há alegria nas cores do mundo e numa poesia de odes. A felicidade é projetada numa idéia ou numa vontade de mudar as coisas. Mesmo nos movimentos mais rebeldes, foi a alegria na luta por um mundo melhor que tornou a idéia possível de ser executada.

Eu me sinto feliz ao receber um gesto de retribuição, ao ler uma história bem contada, na beleza e no cuidado na produção de um filme e mesmo na história de todo um povo. Em meio a tantas tragédias, existem tantas coisas alegres para extrair que não há como não esboçar, ao menos, um leve sorriso. Posso ser pessimista, mas posso ser alegre também, porque não? O meu estado de alegria provém de uma série de pequenas atitudes, na superação de problemas e na observação da vida simples e desacelerada.

O que não posso, por uma questão de rebeldia, é aceitar a imbecilidade das pessoas que vêem graça na tragédia do próximo, ou que dão risada por se favorecem em relação aos teus iguais em uma determinada situação. Não vejo felicidade num copo de bebida alcoólica, nem num maço de cigarros. Muitos menos acho engraçado o sofrimento de outrem ou dos escândalos de corrupção política em nosso país. Não fique feliz ao observar que os alimentos sobem de preço desproporcionalmente ao aumento do salário. Não consigo fazer piada sobre a exploração das crianças ou sobre a extrema condição de miséria em que vive pessoas num mundo inteiro.

Ainda assim, a vida, com todos os seus absurdos, nos proporciona momentos prazerosos, principalmente quando focamos o nosso olhar para as coisas que realmente interessam. Quando deixarmos de enxergamos a felicidade num videogame, num corpo esbelto, numa relação extraconjugal ou num modismo qualquer, tudo ficará mais claro: a felicidade reside no interior de cada um e nas coisas mais simples presente em nossa natureza.

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