Num dia qualquer fazia um tempo bastante chuvoso e nublado e, enquanto todos reclamavam quão era ruim ter que fazer as coisas num clima tão sombrio, eu bem disse o quanto este tipo de tempo me deixava bem! As pessoas, levadas pela ironia da situação, geralmente dizem que isto é ser do contra ou até mesmo um disparate em relação à luz, que simboliza as coisas boas.
Porém eu não digo mentiras, principalmente a mim mesmo, sendo que trair o meu espírito está completamente fora de cogitação. O que digo é verdadeiro e sincero: gosto dos climas frios e sombrios. Nestes dias estou mais pensativo, mais relaxado e mais calado. É aqui que os meus pensamentos são despejados num turbilhão de idéias, qual eu acabo por transcender a carne e vagar em alma por entre tudo o que emana da vida.
Acredito que me encontro na tristeza, e não porque eu sou pessimista, mas porque não vejo felicidade real na natureza das coisas. Logo, quando cai a máscara resta aquilo que há de mais verdadeiro, mesmo que esta verdade seja terrivelmente cruel. Uma vez li em algum lugar que se você perceber há tristeza em todas as coisas da vida.
Acredito que quem escreveu isto estava correto, basta fazer um breve exercício: retire tudo aquilo que não é natural do seu cenário e deixe a natureza falar por si só. Sem os sons dos automóveis, das indústrias, da fanfarra, da música proveniente da eletricidade e das conversas fiadas, nosso espírito baixará a guarda. Agora, vagarosamente, tire as cores do mundo, posteriormente as árvores, os animais e as outras pessoas: fique sozinho e mergulhe num oceano de escuridão para todo sempre. Consegue suportar a tua companhia? Pois este, essencialmente, é você!
Neste silêncio imaginário, podemos nos encontrar e nos conhecer. São nestes climas tristonhos que estamos propícios a refletir sobre tudo aquilo que nos cerca, sobre os valores universais e individuais. É aqui que nós paramos para esgotar nossas possibilidades e aprendermos sobre nossas limitações. Veja que esta é uma tristeza positiva: é um tristeza reconfortante e repleta de glórias.
Quando a previsão anuncia chuva, logo fico ansioso, afinal uma pessoa muito importante está para me visitar: eu mesmo. O sol irá se calar, tudo ficará mais silencioso e eu terei a mim mesmo para confessar idéias do que pretendo fazer e refletir sobre todas as coisas que eu fiz. É na escuridão que a alma que brilha aparece com mais destaque. Sendo assim, aprenda a felicitar a chegada das tormentas, pois ela anuncia o momento crucial de tua reflexão interior!
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