Estas palavras são do brilhante José Saramago, escritor português que dispensa maiores apresentações, em uma entrevista concedida na semana passada aqui no Brasil. Samarago é um daqueles escritores cujas sentenças são como diamantes que reluzem durante meses e meses em sua mente. Ele é uma daquelas raras jóias que se eternizam no templo maior de Asgard, ao lado de todos os outros deuses-homens, devido ao domínio das palavras e sua imensa sabedoria popular. Neste blog, já tivemos o prazer de comentar sobre a adaptação cinematográfica de seu Ensaio Sobre a Cegueira, a qual não poupamos elogio, mas acredito que isto é pouco visto que Saramago para a literatura é como a paz para o mundo: essencial.
Tive a felicidade de ler quase toda a obra de Saramago, graças à um amigo que me apresentou seu Memorial do Convento no ano de 1999. A partir daí, nada mais satisfazia minha sede literária, sendo que fui praticamente obrigado a me satisfazer nos outros livros do nobel da literatura de 1998. Eis que quando menos espero me deparo com um mais um romance (embora ele mesmo opte por conto) nas livrarias: A Viagem do Elefante. Finalmente os meus dias serão mais prazerosos que os habituais! Já iniciei a leitura e cinco páginas depois já estava gargalhando graças ao seu estilo único e seu humor ácido! Desta vez, não irei devorar o livro como fiz com os outros: irei degustar com calma, lenta e prazerosamente as aventuras de simão para que assim não sinta aquele vazio característico ao terminar de ler um grande livro.
Quanto a esta frase, daquelas que funcionam como um tapa na cara que nos deixa perplexos por momentos de pura volúpia, Samaro meio que diz: se eu reclamo da vida por acaso a culpa é minha? Como falar bem de um mundo que não está bem de saúde espiritual? Onde uma crise provocada deixa os de cima ainda mais ricos e os de baixo simplesmente quebram? Onde o pobre não tem nem direito ao solo e acaba por morrer naufragado?
E pergunto-lhes: como dizer que ele está errado? Como podemos achar graça com tantas tragédias fulminantes que ocorrem em paralelo em nossos dias? Onde pode residir a alegria em tanto caos? São tantas questões e tão poucas respostas que não como acalentar a alma rebelde e apenas aqueles que são cegos conseguem manter-se inertes em relação ao agravo de nossa situação.
Parabéns Saramago, por seus dizeres e pelo importante papel que você desempenha ao incendiar à nossa mente com estes acordes de pleno saber. Ode ao mundo culto, cujo você é um dos senhores que rege os caminhos por entre veredas de prazer mental: "Eu não sou pessimista, o mundo que é péssimo".
Como diz Hesse, para haver alegria deve haver tristeza.
ResponderExcluirOlá Marcelo! Grato pela visita!
ResponderExcluirJá que você citou Hesse, não poderia deixar de lhe oferecer um convite para ler duas pequenas resenhas que escrevi sobre dois de seus livros: Sidarta e Demian.
Até a próxima!