sábado, 16 de maio de 2009

Sobre Escolhas e Riscos


A existência é misteriosamente excitante e magnífica. Desde o princípio estamos certo de algo: sobre o início (o nascimento) e sobre o fim (a morte). Nestes dois estágios, não há distinção de credo, cor, naturalidade, orientação política e/ou sexual: todos nascemos pelados, todos morremos sozinhos.

No mais, o início e o fim não estão relacionados diretamente. O elo que conecta um estado ao outro é o que chamamos de vida. É na vida que ocorrem as experiências responsáveis por formar o nosso núcleo central que possibilitam a convivência em sociedade. Aqui sim temos influência direta no meio, principalmente no que se refere à cultura e à política.

Entretanto há exceções a regra. Nossa vida é composta por um sem número de ramificações e caminhos que devemos seguir. De fato, existir é escolher. Sartre e Ortega y Gasset já discorreram o quão penosos é para o homem ter que enfrentar um oceano de decisões. Portanto algumas ele simplesmente ignoram e permitem que o meio escolha por ele. É o chamado 'efeito dominó'.

No 'efeito dominó', apenas aceitamos a decisão da maioria. A decisão da maioria provém de um líder, que decide o que é melhor para si e a maioria simplesmente aceita. Seja por indiferença, seja por falta de vontade, ou seja, por dor, tomar decisões é algo estressante e consome o ser. Porém não fazer nada também é uma escolha.

Entre tantas escolhas que temos que optar para um mesmo problema encontramos, ao menos, duas: uma que reside no caminho do bem e outra que reside no caminho do mal. As duas muitas vezes se confundem, pois um caminho pode representar o bem para uma pessoal e o mal para diversas outras (como quando alguém se favorece deslealmente em relação aos demais) ou vice-versa (como no caso do sacrifício de um para um benefício maior).

Todavia há escolhas que não nos confundem. Sabemos exatamente o que elas representam a para onde pode nos levar. Entra, em cena, o bom senso para nos guiar. Porém há pessoas que não utilizam do bom senso. Optam por agir pela simples emoção em pró de um risco assumido. Às vezes se dão bem, outras vezes nem tanto. Se o risco vale a pena irá depender da experiência de cada um e o quanto está em jogo. Como num carteado, você pode ficar rico ou pobre numa jogada que envolve altos valores. Simplesmente será obrigado a confiar na própria sorte: aqui não se trata de predestinação, somente de jogar a moeda e ver qual lado sorri para você.

Sendo racionais, é possível estabelecermos metas em nossas escolhas. Por exemplo: Você tem um caminho A e um caminho B que te levam para o caminho Z. Enquanto o A te leva diretamente para lá, o caminho B tem alguns obstáculos e pode lhe levar, arbitrariamente, a dois fatos: o fato C (que você deseja muito) e o fato D (que você quer evitar a qualquer custo). Se a tua sorte te arremessar para o fato C, você chegará ao caminho Z e será recompensado pelo seu objeto de desejo. Se o fato D se consumar, você jamais chegará ao Z e terá que trilhar o caminho Y, que será extremamente penoso e dolorido.


Calcular o risco é algo extremamente difícil, mas uma simples questão pode ajudar: o fato C é mais importante do o caminho Z? Outra pergunta: se ocorrer o fato D, você estaria disposto a percorrer o caminho Y? Se a resposta para as duas questões for 'não' é simples: fique com o caminho A.

Há pessoas que irão falar que viver é arriscar, mas isto não é essencialmente verdade. Viver é cumprir metas e surpreender-se com o imprevisível. Arriscar-se naquilo que você pode prever, em muitos casos, pode ser tolice. Em outros casos realmente vale a pena, pois o risco com a perca é menor do que o benefício com os ganhos. Ou seja, a vida não se restringe à avaliar riscos. Situações sim estão sujeitas à arriscar-se. Tudo, entretanto, é uma questão de escolhas.

Trilhar o caminho do bem pode parecer pacato, numa realidade onde ousadia é a palavra da moda, porém a vida simples sempre será a mais benéfica: a história esta aí para provar isto. Ser sofisticado, muitas vezes, representa um ciclo constante de frustrações e decepções. Outra: arriscar vicia. Quem arrisca uma vez só para quando perde tudo. Ousar também tem o seu preço. Às vezes você ganha, as vezes você perde, porém somente você, com sua bagagem, poderá saber se os seus riscos são justificáveis por um bem maior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário