Para aqueles que acham que o pano de fundo do filme Gamer é um tanto quanto exagerado e não reflete nem de longe a realidade a qual vivemos, deverá estranhar uma notícia vinculada pela Reuters que diz respeito sobre um japonês que casou-se com uma personagem virtual de um videogame. Além da cerimônia, representada pelo "noivo" e por um videogame portátil que carrega a personagem em um jogo, haverá também a lua-de-mel, onde este ser dos nossos dias passará algum tempo confinado com o portátil.
Se o conceito do hiper-real até pouco tempo poderia assemelhar-se apenas a exagero e preocupação desnecessária, depois de ler algo assim vejo que dificilmente precisarei escrever mais para clarear tudo o que há de obscuro nas linhas deste blog. Indo mais adiante nesta reportagem, cheguei ao termo otaku. Aí sim a coisa descamba de vez: temos aqui um culto ferrenho ao universo virtual, o que é extremamente preocupante.
Enquanto no hiper-real as pessoas não se dão conta que vivem uma realidade que está para além da realidade, no virtual as pessoas sabem exatamente o que fazem. Ou seja, os seres estão cônscios que aquilo é falso, porém ainda assim este falso vale mais para suas vidas falsas do que o verdadeiro em suas vidas verdadeiras. Isto não seria tão absurdo assim se tratasse somente de mero entretenimento passageiro (algo para descansar a mente e o corpo ou mesmo para passar o tempo no fim de semana). Para os otakus, isto se trata de um estilo de vida.
Ademais, eles se orgulham muito disto. Criam avatares sob o seu corpo para representar algo que está num universo diferente do nosso, numa terra sem fome e sem pobreza. Aqui os problemas não se resolvem por que eles nem mesmo existem. A prática nem é tão diferente assim de consumirmos drogas até esquecermos da realidade (seja pelo dano psicológico, moral e mesmo físico). Pois é, caros amigos, sejam benvindos à multiterra, nosso amado planeta hiper-real.
Credo... isso se parece mais com uma falta de rumo no meio de tanta informação, tanto entretenimento, tanta diversidade... já nem se sabe direito do que se gosta e, quando encontra (ou acha que o faz), torna-se obssessivo como aquilo conseguisse definir a pessoa no meio do caos que temos (e não, este "caos" não é algo ruim... apenas confuso, profuso demais)
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