Game Over

Na semana passada a imprensa veiculou uma notícia típica de nossos dias, porém não menos chocante: um bebê de três meses morreu de fome justamente por que seus pais ficavam jogando um jogo de computador online 12 horas por dia e esqueciam de cuidar adequadamente do recém-nascido (que havia vindo ao mundo de forma prematura, o que denota cuidados ainda mais especiais).

Ao que parece, a criança se amamentava somente uma vez ao dia, enquanto ambos os pais ficavam em uma lan-house cuidando de um filho virtual! Vejam só a ironia da situação: na vida de carne-e-osso deixaram uma criança morrer, mas no mundo virtual eles poderiam ser considerados os melhores pais de todos os tempos, visto que desprendiam metade do dia inteiramente para cuidar deste ser inexistente batizado de Anima.

Começo a pensar que talvez os pais estejam arrependidos, mas pelo seguinte motivo: não poderão mais cuidar de "Anima", visto que estarão atrás das grades e lá não poderão acessar a internet.

Também vislumbro que futuramente - e eu espero não estar vivo para ver este dia chegar - não será difícil num caso como este o juiz dar a guarda do personagem virtual para outra familia cuidar. Já imagino até mesmo um Conselho Tutelar Virtual num atalho em seu computador.

Pior que no rodapé da notícia é mencionado que há pouco tempo, no mesmo pais, um jovem morreu justamente por que passou mais de cinco dias sem desgrudar da tela do computador, graças a um jogo online. Que espécie de comportamento é este?

Vejam, este jovem certamente tinha fome, sede e sono, porém o anseio por manter-se aceso no jogo falou mais alto, de tal modo que perder 10 minutos para comer alguma coisa seria demais para ele. Provavelmente o status de poder que estaria adquirindo no virtual precedeu as suas necessidades mais básicas.

Creio que a frase "só mais 15 minutinhos" foi mencionada milhares de vezes interiormente por esta criatura, mas seu corpo não mais resistiu.

Game over para estas pessoas.