segunda-feira, 19 de abril de 2010
Anime Também é Cultura
Quando eu era mais novo havia um estilo de desenho que na época começava a fazer certo sucesso e que hoje é uma sensação geral: o chamado "Animê", o chamado "Desenho Japonês". Minhas primeiras memórias em relação ao genêro remontam aos desenhos Honey Honey (no original Honey Honey no Suteki na Bouken) e um que eu gostava demasiadamente e que recontavam a lenda por trás da história do Rei Arthur (no original Entaku no Kishi Monogatari: Moero Arthur). Ambos passavam na emissora SBT pela manhã, sendo que a tarde eu ia para a escola.
Depois destes dois, anos mais para frente, no início de minha adolescência, acompanhei alguns episódios da febre chamada Os Cavaleiros do Zodíaco, porém calhou de ser no período onde comecei a trabalhar e não cheguei nem mesmo a terminar a primeira saga. O tempo passa tão rápido que quando pensei em comprar um boneco com a armadura dourada olhei no espelho e percebi que já estava grande e minha infância havia ficado perdida em algum lugar no passado. Um outro que gostei muito era um longa metragem que passava frequentemente na TV Bandeirantes chamado Akira (um clássico animado).
Na época não havia o download, as mídias eram escassas e, a não ser que você tivesse um amigo que lhe trouxesse um VHS gravado no outro dia na escola, se você perdesse um único episódio, a melhor coisa seria esperar que a saga fosse reprisada para que pudesse entender as complexas e dramáticas tramas por trás do genêro. Então nunca consegui acompanhar o término. Porém agora que cresci e as mídias chegaram em minhas mãos, tentei assisti mas não me diverti tanto quanto antes.
Então abandonei o genêro - a não ser por alguns poucos desenhos, como A Viagem de Chihiro, O Castelo Animado e A Princesa Mononoke (coincidentemente os três do mesmo diretor). Cheguei a ler alguns mangás na integra bem marcantes, como o caso de Lobo Solitário e Buda, porém se tratam de quadrinhos - a qual sou fã confesso. Mas o tal dos animês nunca mais me despertaram o interesse.
Bem, ao menos este interesse estava adormecido até janeiro deste ano, quando alguns parentes de Rondônia vieram para São Paulo e me pediram para levá-los para o bairro da Liberdade, conhecida região temática oriental da cidade. Numa galeria a qual não me recordo o nome, voltei novamente aos tempos infantes! Uma gama imensa de animês espalhados por todos os cantos do lugar! Hoje há diversas opções e temáticas diversas, que vão desde novelas mexicanas até enredos complexos, que exigem um grau a mais de cultura para poder abstrair as minuncias por trás da ideia principal, o que possibilita um entendimento mais amplo da história.
Este é o caso de Ergo Proxy, desenho distópico, com várias referências a filosofia moderna de René Descartes entre outros. Espero que em breve eu possa resenhar tão maravilhosa obra que percorre muitos assuntos que são tratados neste blog quando mencionamos o conceito de hiper-realidade. Realmente é fantástico, com uma bela trilha sonora que passa por uma canção do Radiohead para o album OK Computer (resenhado de cabo-a-rabo por este blog), obra tão existencialista e distópica quanto esta.
Enfim, não resisti aos encantos do local e decidi conferir um dos títulos mais estampados por toda a galeria. O nome é Death Note, que é uma espécie de policial sobrenatural, um jogo intrigante e inteligente de gato e rato, onde um tenta pegar o outro, e quando você julga que não resta mais saída para um deles, eis que o este mostra um passo a frente e vira todo o jogo para si. É assim, basicamente até o final da saga, que é deliciosa e garante horas de entretenimento saudável. Para aqueles que ficam muito anciosos com o decorrer dos acontecimentos, saiba que o mais provável é que fiquem sem as unhas ao final de cada episódio.
Como é frequente, o animê é uma adaptação do mangá, já publicado no Brasil pela editora JBC, especialista em títulos orientais. E temos também três filmes com atores reais (live-action) adaptados pela Warner Bros japonesa. Os dois primeiros filmes, que eu pude conferir, também são muitos bons e conseguem resumir bem a essência da primeira parte da série. Falarei posteriormente sobre este desenho maravilhoso que merece um artigo dedicado de minha parte.
Este post tem a intenção de ajudar a exterminar o preconceito por trás desta mídia, que é vista por muitos como "coisa de criança". No Japão, o gênero é tão bem aceito entre a comunidade, que dizem existir um gênero de mangá para cada gosto, o que atinge todas as idades e faz com que o sucesso seja atingido em massa entre todos que ali residem. Aqui no Brasil, pelo que pude conferir, também é assim. Temos mangás e animês mais voltados para o público infantil, outros voltados para as meninas, outros ainda para a indústria pornográfica, outros para pessoas mais cultas, outros para o público infato-juvenil, outros para as mulheres que cuidam do lar e assim por diante.
O importante é salientar que estas mídias não podem ser desprezadas como forma de elevar o intelecto cultural, ou mesmo como uma simples forma de entretenimento. Elas somam-se há outras tantas, que passam pelo cinema americano, os quadrinhos ingleses, o teatro fantástico da Broadway e a literatura européia. Todas, em minha opinião, são bem-vindas! Até mesmo o Maurício de Souza não resistiu aos encantos da mídia e decidiu fazer sua Turma da Mônica numa versão jovem com quadrinhos inspirados pelo estilo mangá de desenhar. Embora a qualidade ainda não seja a mesma dos orientais, este tipo de iniciativa abre o leque para que outras culturas possam valer-se do estilo adotado pelos orientais de como contar um história. Isto, ao meu ver, é bastante válido.
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Você deve estar falando da Sogo Plaza, que é perto do Metro ^-^
ResponderExcluirNice Post :3
Olá Lord G! Obrigado pela visita e pela informação!
ResponderExcluirDeve ser este local mesmo...! Quando eu fui teve um carinha que colocou um boneco do aliens gigante na entrada de sua loja!
Até a próxima!