domingo, 23 de janeiro de 2011

A Marca


Aqueles que esporadicamente esbarram neste blog conhecem o meu olhar a respeito da religião (caso queiram saber a respeito, basta clicar no especial sobre agnosticismo que eu escrevi há algum tempo), entretanto isto não me afasta da literatura temática, nem mesmo da cultura espiritual - acredito que é possível separar bem as coisas para que a posição contrária não influencie na crítica.

Dito isto, vamos ao livro. A Marca é o oitavo livro da série de ficção apocaliptica Deixados Para Trás, sucesso de vendas nos EUA, escrito por Jerry Jenkins e pelo pastor Tim LaHaye. A série narra uma possível visão a respeito do livro do Apocalipse de João nos dias atuais - entenda laptops de ultima geração, celulares hitechs, aeronaves, armamento pesado e outros gadgets futurísticos.

A série iniciou bem nos primeiros quatro livros, depois foi regredindo a tal ponto de me manter afastado por 10 anos deste a leitura do último livro da saga do Comando Tribulação. Como havia outras leituras se tornaram prioritárias em minha lista, posterguei para depois a continuação dos livros. Visto que houve uma promoção numa livraria virtual, acabei por adquirir o restante da saga e pretendo termina-la o quanto antes.

Este livro em específico surge logo após o episódio da ressurreição de Nicolae Carpathia, o anticristo reencarnado - que agora se apodera como principal governante do mundo e assumi status de um verdadeiro de deus, criando, inclusive, status e templos para sua imagem ser adorada pelas pessoas. Seduzidas pelo poder de Carpathia, assim como o seu carisma, milhares de pessoas demonstram seu afeto e seu carinho para o vilão. Para ele, isto não é o suficiente. Logo estipula a inserção de um dispositivo eletrônico nas pessoas, que iria controlar a venda e a compra de produtos no mercado oficial. Este dispositivo é chamado de marca da lealdade, e tão logo é anunciado como obrigatório, um alvoroço surge entre crentes e não-crentes.

Para aqueles que se recusarem a instalar o objeto visivelmente em sua pele, só resta uma alternativa: a guilhotina. Mas os cristãos bem sabem que se aceitarem esta marca eles quebram seu pacto com Deus e passam para o lado do diabo. Então resta uma sina: tornar-se mártire ou viver por mais alguns anos? É em meio a este drama que o livro se desenvolve: enquanto muitos fazem fila empolgados para colocarem a marca, outros estão dispostos a encarar a morte de peito aberto.

O destaque do livro fica para David Hassid - um mestre dos computadores que trabalha infiltrado no alto escalão na equipe de Nicolae Carpathia. É graças a ele que o Comando Tribução consegue se comunicar e transmitir suas mensagens totalmente invisíveis para a comunidade global. Neste livro ele perde sua noiva, se fere gravemente e elabora um plano de escape tão logo fica sabendo que os funcionários do anticristo serão os primeiros a colocaram a marca da fidelidade.

No plano, ele e alguns de seus amigos simulam sua morte ao controlar remotamente um avião que cai em meio a uma apresentação de Carpathia. Logo, centenas de pessoas são testemunhas da queda, que deixou poucos destroços para serem analisados.

Ao término, Nicolae Carpathia está preparado para ir em Israel desfilar nos mesmos locais a qual Jesus Cristo percorreu durante sua vida. O Comando Tribulação envia sua equipe para estragar a festa de Carpathia. Como eles conseguirão, só iremos saber no próximo livro. Detalhe importante, Hattie Durham, personagem que chegou a ser namorada do anticristo e até mesmo engravidar deste, se converte ao cristianismo - a prova é uma marca que só cristões conseguem enxergar entre si.

O livro continua na mesma batida do anterior: a qualidade ainda não está no mesmo nível dos primeiros livros, porém alcança o seu objetivo de entretenimento rápido e agradável. Se não é nenhuma pérola, também não é a pior coisa que já li. Creio que daria nota 6 de 10. Graças a David Hassid (e a Carpathia) o livro ganha bastante. O restante das histórias paralelas não estão boas neste volume - a saga de Tsion Ben é a pior por não agregar nenhum valor a história. Todas as vezes que temos Tsion na história inicia-se o momento sermão do livro (porém isto não foi sempre assim - acho que os autores forçam a barra ao colocar uma personagem que está sempre pregando, quando o foco da saga está centralizado nos últimos dias da Terra antes da segunda vinda de Cristo). Exceto estes detalhes, a diversão é garantida.

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